sábado, 9 de junho de 2007 às 16:09

O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel: o primeiro livro da fantática aventura

Nota 5/5
O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel
Lembro do natal de 2001 como se fosse hoje. Bin Laden no centro das atenções depois do golpe no coração da América. Mas na faculdade o assunto era outro, falava-se no megalançamento do filme "O Senhor dos Anéis". Um amigo que conhecia o livro que inspirou o filme, comentou que Hollywood iria destruir a magia da obra de J.R.R.Tolkien.

Na visão dele, a trilogia do Anel era complexa demais para ser mostrada em imagens. Mais do que isso, o rapaz elegeu Peter Jackson - diretor do filme e um estreante em matéria de superproduções - como o algoz de sua infância. Eu nunca havia lido nada sobre Tolkien, mas criei expectativa.

Todavia, ao invés de deitar numa rede e lê o livro, fui no caminho mais fácil, peguei minha namorada e fui ao cinema. O filme tinha 178 minutos de projeção, no final da segunda hora a menina já roncava ao meu lado. Coitada, eram tantos ambientes diferentes, músicas incompreensíveis, nomes difíceis de pronunciar, magos, dragões, anões, elfos, tantas quebras de ritmo, tantas conexões no roteiro, tantas coisas diferentes. Um universo novo. E o novo é difícil mesmo.

A princípio o filme também não me chamou atenção. Nem final a porra tinha (eu esqueci que era uma história contada em três partes). Chatice também ter que esperar um ano inteiro para assistir a continuação. Somente depois de algum tempo, comecei a entender a história. O homenzinho hobbit deveria pegar o Um Anel, atravessar o mundo (deles) caminhando e jogá-lo nas larvas de um vulcão ultrapoderoso. Comecei a gostar.

Pesquisei tudo sobre a história. No ano seguinte assisti "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres", segunda parte dessa história, com outros olhos. E finalmente em 2003, com o lançamento de "O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei", eu já era um fanático. Passei o natal na fila do cinema para ser o primeiro a descobrir o desfecho da jornada do Um Anel.

Mas tudo que eu admirava eram os filmes. O livro permaneceu guardado por um longo tempo em meu armário. Nunca havia lido sequer uma página. O medo de me decepcionar com o texto de Tolkien era grande. Tenho esse defeito. Muitas vezes fantasio tanto com um livro que prefiro não lê-lo. Graças a Huxley tenho conseguido superar esse medo.

Assim como Frodo, na dúvida sobre qual o melhor momento para sair do Condado, peguei meu livro O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (Editora Martins Fontes, 2000) e comecei a caminhada solitária. Linha após linha eu começava uma jornada de 1.229 páginas, dividida em três volumes. A primeira já foi vencida. Foram 434 páginas de descobertas incríveis. Achei que o livro seria uma espécie de déjà vu, mas me enganei. Quase tudo é novo.

Responda: você que assistiu ao filme e não leu o livro, sabia que Frodo viveu dos 33 aos 50 anos com o Um Anel? Eu não sabia nem que ele tinha 50 anos! Não só isso, são muitos os acontecimentos entre Frodo ter recebido o Um Anel e o início de sua jornada heróica, com direito a perseguição feita por Gandalf e Aragorn à criatura Gollum. O tempo da maioria dos acontecimento é longo, para se ter uma idéia, Frodo demora duas semanas apenas pensando se vai ou não para a aventura do Um Anel, e depois decide que vai, mas somente após seu aniversário de 50 anos! No filme todo esse processo ocorre em menos de 5 minutos.

No livro, Frodo vendeu o Bolsão, local que morava antes de partir. Pippen, Merry e Sam fizeram uma conspiração, os três sabiam tudo sobre o Um Anel mágico muito antes da aventura começar. Sobre eles, há muitas diferenças entre livro e filme. Você deve lembrar que no filme Frodo, Sam, Pippen e Merry se encontram por acaso num milharal, no livro não ocorre nada disso, apenas Frodo, Sam e Pippen saem juntos do Condado.

Os hobbits vivem várias aventuras não contadas no filme, como um encontro com elfos e uma visita aos campos de cogumelos do senhor Magote. Merry só vai encontrar os amigos numa balsa às margens do rio Brandevin, ainda muito longe da aldeia Bri. De igual só os Cavaleiros Negros no encalço dos pequenos.

Os quatro então entram na Floresta Velha e enfrentam as árvores carnívoras. O livro conta ainda o encontro dos hobbits com Tom Bombadil, um extraordinário e misterioso personagem, considerado o Senhor da Floresta. É Tom quem livra os hobbits das Criaturas Tumulares. Sim, a passagem pelos túmulos é muito importante para a história. Lá os hobbits conseguem tesouros, espadas e Frodo torna-se mais confiante de sua força.

Tom conduz os hobbits até "O Pônei Saltitante". O filme já nos joga direto aqui. Livro e filme ficam parecidos nesse capítulo da história, mesmo assim uma série de detalhes e espremida para entrar naquela caixinha luminosa do cinema. Os roteiristas Frances Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson, são gênios, mudaram a história e deixaram o espírito. Achei fantástico o trabalho que fizeram na adaptação do livro, mas hoje penso que os três livros mereciam seis filmes.

Voltando para a história, já com Passolargo como companheiro de viagem, os hobbits enfrentam os Cavaleiros Negros no Topo dos Ventos. Frodo se fere, mas não é Arwen quem o carrega no cavalo branco contra os Espectros do Anel. Aliás, Arwen, neta de Galadriel e filha de Elrond, até agora não participa da história. Nada de romance com Aragorn.

O processo de formação da Sociedade do Anel também é bem diferente do que ocorre no filme. Eu não sabia que Bilbo havia participado do Conselho de Elrond. Ah, essa reunião no livro demora semanas até que a turma dos nove resolva partir. Nesse ponto achei mais legal a dinâmica do filme. Outro detalhe: a espada Andúril (A Chama do Oeste) de Aragorn, acompanhou o guardião por toda a jornada, diferente do que ocorreu no filme.

Já na frente de combate, quando nossos heróis enfrentavam os poderes do mago Saruman na montanha congelada do Passo do Chifre Vermelho, não foi Frodo que sugeriu as Minas Mória, foi Gandalf, com apoio do anão Gimli. No livro a descida da montanha também é diferente, no caminho tiveram que enfrentar lobos gigantes. Outra coisa, nas Muralhas de Mória, frente ao portão élfico, não foi Frodo que decifrou o enigma do "diga, amigo, e entre", foi o próprio Gandalf.

Em Lothlórien, terra dos elfos, no episódio do Espelho de Galadriel, Sam também teve uma participação importante. A Comitiva demorou dias na mordomia da morada élfica. No último capítulo, diferente do filme, não houve confronto com os orcs. Mas a Sociedade se rompeu. Frodo e Sam foram para as Fendas da Perdição, enquanto Aragorn, Boromir, Legolas, Gimli, incluindo Pippen e Merry - que não foram seqüestrados - seguiram para Minas Tirith. Enfim, todos iremos continuar a jornada. Até o próximo volume.

Outras resenhas sobre o assunto:

O Senhor dos Anéis - As Duas Torres: o segundo livro da trilogia Tolkien (26/11/07)
O Hobbit: um prelúdio da trilogia "O Senhor dos Anéis" (14/01/07)
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