Pouco antes da estréia, Os Simpsons invadiram redes de supermercado, estamparam capas de revista (como a Rolling Stone Brasil), enlataram nossa comida e gritaram em tudo que foi blog: Simpsonize-se! Simpsonize-se! Eu também experimentei (veja aqui). Na minha opinião, os amarelos não precisavam de tanto barulho para fazer do filme um sucesso. Não é de graça que estão há 20 anos no horário nobre da TV americana.
Agora vamos deixar o seriado um pouco de lado e falar do filme. O chavão que muitos críticos estavam usando após a pré-estréia, era que Os Simpsons - O Filme nada mais era senão um episódio alongado do seriado. Teve até gente em revistas especializadas dizendo que não havia motivo suficiente para ir ao cinema "pagar por algo gratuito". O fato é que independentemente do quanto valem, Os Simpsons no cinema é uma experiência nova e prazeirosa. E os roteiristas souberam usar isso a seu favor.
O início da história mostra toda a Família Simpson no cinema de Springfield. A cidade inteira curte o lançamento do ano: "Comichão e Coçadinha - O Filme". Então Homer levanta no meio da platéia e de maneira sarcástica dispara: "Todos vocês são idiotas! Estão pagando para assistir um negócio que passa toda semana de graça na TV." A provocação de Homer mostra bem o desafio de Matt Groening e companhia: fazer valer a grana do ingresso.
E vale. O filme diverte a família toda. Piadas apimentadas não faltam. A tradicional frase que Bart escreve no quadro da escola, ganhou um novo contorno: "não farei download ilegal desse filme". O capetinha também gerou polêmica ao aparecer nu pela primeira vez. Além disso, o mais interessante é que cada cena tem seu charme. No concerto do "Green Day", por exemplo, os caras pedem um minutinho para falar de preservação da natureza. Resultado: são apedrejados. Quer crítica maior à onda verde que ganhou o mundo?! Agora bom mesmo foi a entrada da Família Simpson na igreja. O ápice, com certeza. Críticas à igreja são sempre um prato cheio aos agnosticistas.
Como argumento para o filme, Homer precisa provar para todos em Springfield e, principalmente, para sua Marge, que é um homem capaz de concertar as bobagens que faz. Especificamente nesse caso, a bobagem da vez é causada por um silo perfurado e cheio de fezes de porco (bicho de estimação de Homer). Nosso gorducho polui o lago da cidade e causa um desastre de grandes proporções. Isto faz com que uma multidão sedenta por vingança se reúna diante da casa dos Simpsons, querendo matar Homer e sua família.
O filme brinca até com essa onda de trilogias e continuações. Em certo momento o filme parece que vai acabar e que a continuação será em "Os Simpsons - Parte 2". Mas é só um susto, logo recomeça. Nunca li nada sobre o processo criativo dos autores, mas ao que parece, os caras vão escrevendo a história e colocando todas as putarias sem censura. Isso até a primeira metade, a segunda é meio melódica.
Nos capítulos finais, a única piada que consegui aproveitar foi a gozação feita com Arnold Schwarzenegger. A idéia de colocar o Exterminador como presidente dos Estados Unidos foi sensacional. Hilária a cena em que ele toma suas decisões com base na teoria do "uni-duni-tê". Isso sem falar na "praticidade" das idéias americanas de acabar com "certos problemas". E também a forma que a população yankee tem de fugir deles. Enfim, Os Simpsons, como sempre, nos dão uma aula de sociologia e emolduram de amarelo nossa sociedade. D'oh!
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