domingo, 16 de abril de 2006 às 00:31

V de Vingança: revelando o poder das idéias... e das bombas também

V de Vingança (V for Vendetta, 2006) é um manifesto ideológico moderno, inteligente e transgressor. Através de um excelente roteiro, o filme mostra ao mundo o poder de uma idéia e nos faz pensar sobre os limites da ética. Quando o povo troca a liberdade pela sensação de segurança, ele está perdendo ou ganhando? O filme é sobre o terror psicológico praticado por um governo totalitário [Estados Unidos?].

O filme lembra muito o clássico da literatura "1984", de George Orwell (leia meu post), que trata da dispotia iluminista. Exemplos não faltam: a constante espionagem aos cidadãos, a máquina de fabricar terror, o controle social, o corte de alguns alimentos que trazem prazer, a fobia de ratos, os prisioneiros com a cabeça raspada, a adulteração dos registros históricos, a tortura física e psicológica etc.

      

Para se ter uma idéia, o próprio líder-mor de V de Vingança, o chanceler Sutler, só aparece através de uma grande tela. Exatamente igual ao Big Brother de Orwell. E quem interpreta este personagem é John Hurt, que [pasmem] interpretou o mocinho Winston Smith, personagem principal da versão cinematográfica do livro "1984" (leia meu post).

V de Vingança é dirigido pelos irmãos Wachowski, responsáveis pelo filmaço-aço-aço "The Matrix". Mas não vá ao cinema esperando correria, ação, lutas, mitologia grega, V de Vingança não tem nada disso. Para não ser tão radical, o filme tem uma ótima cena em que o personagem principal, o herói "V" (Hugo Weaving, o agente Smith de "Matrix" e o elfo Elrond de "O Senhor dos Anéis"), duela com vários oponentes usando facas.

As imagens das facas cortando o ar adota o mesmo efeito das balas em Matrix. Deixam aquele rastro, lembrou?! Nessa mesma cena, "V" leva diversos tiros e o vilão pergunta: "mas você não morre?" e nosso herói responde: "por baixo dessa roupa existe mais que carne, existem idéias".

      

Esqueça as críticas que falam que o filme é uma apologia ao terrorismo. Bobagem! O filme fala de idéias de libertação do controle totalitário. Seja através de um grito ou através de uma bomba colocada no parlamento. Tudo bem que entre o "uhhhhhh" e o "bummmm", o filme opta pelo segundo, mas isso é um debate para muitas horas de conversa. Quem sabe não é de um vingador como esse o Brasil está precisando... Nota 4/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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