quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007 às 01:55

A Conquista da Honra: um filme aquém do padrão Clint Eastwood

"Qualquer imbecil acha que sabe o que é a guerra. Mesmo que nunca tenha estado em uma". É dessa forma que começa o filme A Conquista da Honra (Flags of Our Fathers, 2006) de Clint Eastwood. Imbecil ou não, uma coisa é certa: Clint é o melhor diretor da atualidade.

E se não bastasse o talento do velho cowboy na direção, A Conquista da Honra conta com produção do mestre Steven Spielberg e roteiro de William Broyles Jr. e Paul Haggis, baseado na história originalmente contada por James Bradley e Ron Powers em livro homônimo, veja na Submarino.

Não li o livro, então minhas impressões serão baseadas no que Clint mostrou na tela. O filme nos leva até fevereiro de 1945, quando todos já davam como certa a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. E foi justamente nesse período que ocorre uma das mais importantes e sangrentas batalhas da história dos EUA: a posse da ilha de Iwo Jima.

A conquista de Iwo Jima gerou uma das mais conhecidas fotografias da humanidade: cinco fuzileiros e um integrante do corpo médico da Marinha erguendo a bandeira dos Estados Unidos no monte Suribachi. O responsável pela fotografia, Joe Rosenthal, viu sua imagem tornar-se o símbolo da guerra.

A imagem corre os Estados Unidos. Os três dos soldados que "integravam" o hasteamento da bandeira, regressaram à América para receber honras de heróis. Mas o verdadeiro objetivo do regresso é a participação dos três numa campanha de arrecadação de fundos para o governo. A partir de então os personagens começam a viver uma série de flashbacks, que os fazem pensar sobre essa tal "jornada heróica". Heróis? Apenas porque levantaram uma bandeira? E os demais que continuavam na sangrenta Iwo Jima?

      

Desse ponto em diante A Conquista da Honra nos convida a refletir sobre a criação dos heróis de guerra. "Talvez não existam heróis. Os heróis são coisas que criamos. Algo que necessitamos. É a forma de entender o que é quase incompreensível: como esses soldados podem se sacrificar por seu país?"

A resposta para essa pergunta é dada no final do filme. A verdade é que os riscos que esses soldados correm e as feridas que sofrem, não são pelo país e sim por seus amigos. "Lutam por seu país, mas morrem por seus amigos. Pelo homem à sua frente, pelo homem ao seu lado. E se - de verdade - queremos honrar estes homens, devemos lembrar deles como realmente eram". Não é por acaso que a frase "ao lado de todo soldado existe um herói" estampa o cartaz do filme.

Pessoalmente confesso que esperava mais. Somente lendo as críticas, acreditei durante um tempo que A Conquista da Honra deveria integrar a lista de melhores filmes do Oscar. Hoje penso que não. Gostei do filme, mas acho que o resultado ficou aquém de outras obras de Clint Eastwood, como "Sobre Meninos e Lobos" (2003) e "Menina de Ouro" (2004).

Merecidamente A Conquista da Honra recebeu 2 indicações ao Oscar 2007: Melhor Som e Melhor Edição de Som. Fraco, já que todos apostavam que o filme seria um dos mais premiados da noite do Oscar. Fiquei sabendo que o problema foi a bilheteria. Orçado em US$ 55 milhões, A Conquista da Honra foi um fracasso de público (nos EUA), tendo arrecadado somente US$ 33,5 milhões. Já estou louco para assistir "Cartas de Iwo Jima" (2006), o outro lado dessa história. Nota 3/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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