quarta-feira, 23 de maio de 2007 às 04:25

Hotel Ruanda: 800 mil seres humanos assassinados

Ruanda é um pequeno país montanhoso da África, encravado entre o Uganda, Tanzânia e Congo. O episódio mais marcante de sua história ocorreu em 6 de abril de 1994, quando o então presidente Juvénal Habyarimana foi assassinado. Segundo o Wikipédia, o avião em que viajava foi atingido por fogo quando aterrissava em Kigali, capital de Ruanda. Durante os três meses seguintes, os militares e milicianos ligados ao antigo regime, mataram cerca de 800.000 tutsis e hutus oposicionistas, naquilo que ficou conhecido como o "Genocídio de Ruanda".

E de quem é a culpa? Historiados contam que depois da derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial, Ruanda foi entregue à Bélgica. Utilizando a Igreja Católica, os belgas manipularam a classe alta dos tutsi para reprimir o resto da população (majoritariamente hutus), incluindo a cobrança de impostos e o trabalho forçado, aumentando ainda mais o abismo social existente no país.

Sabe o que é mais cretino nisso tudo? Foram os colonizadores belgas que classificaram os ruandeses em hutus e tutsis. Apesar de absolutamente iguais, os europeus diziam que os tuties eram mais tolerantes e elegantes. Então criaram essa divisão. Escolhiam as pessoas com narizes mais finos e pele mais clara. Costumavam medir os narizes das pessoas. E para piorar, quando os caras foram embora, deixaram o poder na mão dos hutus, que se vingaram dos tutsis pela repressão.

      

Hotel Ruanda (Hotel Rwanda, 2004) é um filme que revela um pouco dessas atrocidades. O longa dirigido por Terry George e escrito em parceria com Keir Pearson, relata a história real de Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que salvou a vida de 1.268 pessoas durante o genocídio. E sabe qual o maior barato? Os maiores heróis são aqueles que nunca pensaram em ser heróis. Paul Rusesabagina é gerente do Hotel des Mille Collines, propriedade da empresa belga Sabena. Sempre preocupado em não perder o emprego, o cara é individualista e visa a proteção apenas de sua família, os vizinhos que se danem.

Os belgas fizeram Paul acreditar que ele era um deles. Mas quando a guerra estoura, Paul é abandonado feito lixo. O Coronel Oliver (Nick Nolte) diz: "Paul, você é o homem mais inteligente aqui. Você comanda tudo, poderia ser o dono desse hotel! Exceto por um detalhe. Você é preto! Não é nem um crioulo. É um africano". Dessa forma, todos os brancos abandonam Ruanda. Franceses, italianos e até os belgas da ONU.

Ninguém mais para deter a carnificina. Perguntinha: como o mundo pode não intervir com tantas atrocidades? Sabe o que eu penso? acho que as pessoas assistem ao noticiário, vêem as imagens da guerra, acham horrível, desligam a TV e vão jantar. Ou será que não foi isso que você fez quando viu ontem no Jornal Nacional as tropas libanesas metralhando islâmicos num campo de refugiados palestinos no Líbano?

      

Nada se faz. As imagens do massacre irão chamar a atenção, mas nada será feito. A velha lógica humana: tudo que não me toca, não me diz respeito, é descartável, para alguns até entretenimento. Eu não estou fora disso. O filme passou, e aí? O que vou fazer? Nada, assim como você. E a vida passa. Amanhã tem outro filme, outro en-tre-te-ni-men-to. Uma sugestão para minimizar a dor: não veja TV.

Apesar disso, vale destacar alguns pontos. A cena da estrada de corpos é impressionante. Os rebeldes esquartejando as pessoas também. A fraqueza das Nações Unidas no combate aos rebeldes é absurda. Gostei da atuação emblemática de Don Cheadle. Bom vê mais um filme abordando a loucura de uma guerra civil. Interessante também a idéia de um oásis no meio do mar de sangue e a estratégia de comunicação via rádio usada pelos rebeldes.

No final das contas, Paul foi um herói. Incrível a coragem do cara em trocar a própria família por pessoas que ele tinha acabado de conhecer. Quem conhece o filme "A Lista de Schindler" (1993), logo faz uma analogia. O longa recebeu 3 indicações ao Oscar, nas categorias: Ator (Don Cheadle), Atriz Coadjuvante (Sophie Okonedo) e Roteiro Original. Paul Rusesabagina e Oscar Schindler, verdadeiras personificações do altruísmo humano. Nota 3/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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Comentários
1 Comentários

1 [+] :

Anônimo disse...

nice post. thanks.

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