O Código Da Vinci: versão para católicos

Estou em Recife/PE. A cidade é maravilhosa, lindas praias, prédios seculares, rica cultura popular e um povo hospitaleiro. No entanto, uma coisa me fez sair correndo de tudo isso... não, não foram os tubarões [que por sinal aqui tem demais], foi o filme O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006).

Milhões de pessoas no mundo já pagaram ingresso para assistir a versão cinematográfica do livro. É a segunda maior estréia da história do cinema, só perdeu para "Homem Aranha" (2002) Eu gostaria de ter ido no dia da estréia, mas o cinema do Teresina Shopping só colocou uma única sala de exibição, resultado, lotação esgotada logo nos primeiros minutos. A saída, como falei no início, foi trocar as belas praias de Recife pelo breu do cinema. Vi O Código Da Vinci no Shopping Guararapes. Excelente sala de cinema, tela grande, convexa, som de primeira, enfim, tudo caminhava bem.

Eu li o livro e achei a história fabulosa. Fiquei louco por 3 dias [o normal é 1]. Depois disso fui lê a contra-resposta da Opus Dei, da Igreja Católica e demais alvos do escritor Dan Brown. Acabei lendo muita coisa interessante sobre as verdades e mentiras do romance, mas nada que tirasse seu brilho.

Na quarta-feira (17/05), antes da estréia mundial, o filme foi apresentado a críticos do mundo inteiro durante o Festival de Cannes na França. Os cara metralharam. A crítica menos áspera chamava-o de chato, cansativo, outros já previam um fracasso eminente. Falaram até o cabelo do Tom Hanks, pode?! Confesso que fiquei com um pé atrás.

Depois de quase três horas de filme, posso tirar minha própria conclusão. O filme é ótimo, muito bom mesmo, cheio de mistério, ação na medida certa, diálogos inteligentes e muitas informações intrigantes. É verdade que muitas passagens do livro foram cortadas, outras modificadas, mas acredito que as mudanças foram para melhorar a dinâmica do filme. Deve-se levar em conta que o livro é enorme, colocar palavra por palavras seria muito complicado. Teríamos umas 6 horas de filme, não dá.

O grande problema de O Código Da Vinci é que ele não consegue te convencer. Mas isso é um problema de todas as adaptações. Como a leitura do livro é um processo solitário, cada página você imagina está descobrindo um segredo, decifrando uma charada, revelando um código ultra-secreto. No filme você olha pro lado e vê 400 pessoas recebendo as mesmas informações que você. Não tem segredo a ser descoberto.

Acho eu que o problema dos críticos é que estão comparando o filme com o livro. Isso é bobagem, são universos diferentes. Quando eu falo que gostei, procuro lembrar de outros filme do gênero. Nisso O Código Da Vinci é excelente. Depois de tanto estardalhaço, acho que o grande vencedor dessa polêmica foi a igreja católica. Enquanto o livro tinha sabor de documento secreto, o filme não passa de puro entretenimento. E depois de 10 anos só vai ficar a lembrança do filme, acredite.