quinta-feira, 6 de julho de 2006 às 00:27

A Ilha: o melhor filme de ficção científica desde "Matrix"

A Ilha (The Island, 2005) é o melhor filme de ficção científica desde "Matrix" (1999). O grande segredo é que o filme trabalha com hipóteses possíveis, um futuro fácil de acreditar, uma realidade quase que inevitável... os clones.

Ter um clone será o sonho americano dos próximos 50 anos, é disso que fala o filme. O clone permitirá as pessoas a viverem mais e melhor. O clone será uma espécie de seguro de vida. Seus órgãos e tecidos poderão ser transplantados sempre que necessário. É mais ou menos assim: quando uma esposa deseja se enfeitar com uma nova plástica ou o marido fica doente e precisa Cinema - Ficção Científicade uma parte nova, é só mutilar o coitado do clone.

Em A Ilha isso é possível através do "Agnet", uma estrutura orgânica feita para se moldar diretamente à fase adulta. Dessa maneira os clones conseguem "nascer" na mesma idade que o original [quem já assistiu "O Senhor dos Anéis" e viu o nascimento de um Ork sabe do que estou falando]. Com essa revolução da ciência, será possível promover uma reposição para o seu bebê, um segundo par de pulmões, uma pele nova e por aí vai, tudo geneticamente idêntico ao original.

      

A empresa que faz esse "cultivo" de seres humanos utiliza um abrigo militar subterrâneo isolado no deserto americano. A propaganda que vende esses clones diz que eles são mantidos em estado vegetativo constante, nunca alcançam a consciência, não pensam, não sofrem, não sentem dor, amor, alegria e ódio. Os clones são só um produto, não são humanos.

Propaganda enganosa. No filme os clones vivem normalmente dentro desse abrigo. A questão é que os coitados não sabem quase nada sobre o mundo exterior. A empresa implantou uma estorinha na mente deles, em que o mundo sofre uma grande contaminação e isso os fazem temer sair do abrigo.

Por isso mesmo esse abrigo é tratado como uma espécie de "Jardim do Éden", os clones só desejam sair de lá para uma fantasiosa ilha. Essa ilha seria o único lugar do mundo que não teria sofrido contaminação. Ocasionalmente é feito um sorteio entre os clones para saber quem será o sortudo que irá para a tal ilha. O que eles nem imaginam é que a ilha é apenas um pretexto para tirá-los do abrigo e mutilar seus órgãos e tecidos.

      

Para gerenciar a agressão e reforçar aptidões sociais simples, os clones são expostos a programas, desenhos, livros, jogos e brincadeiras. Eles também são programados a não ter consciência do impulso sexual, evitando assim complicações óbvias. No sentido real da palavra eles são como crianças, educados ao nível de um moleque de 15 anos.

Tudo muito possível, graças ao brilhante roteiro de A Ilha. A história original pertence a Caspian Tredwell-Owen, mas Alex Kurtzman e Roberto Orci deram umas modificadas e tornaram-no comercialmente vendável. A direção é de criticado Michael Bay, um cara que já sofreu muito pelos fracassos de "Armageddon" (1998) e "Pearl Harbor" (2001). Concordo com as críticas, mas uma coisa o cara faz bem, cenas de ação.

      

Por isso mesmo a complexidade do roteiro de A Ilha é polarizada com uma perseguição enlouquecida. Lincoln Six Echo (Ewan McGregor, o Obi-Wan Kenobi de Star Wars I, II e III) e Jordan Two Delta (Scarlett Johansson) tem que correr muito para fugir do vilão Dr. Merrick (Sean Bean), o dono da empresa de clones.

Parabéns a Mauro Fiore pela linda fotografia, a Industrial Light & Magic pelos efeitos especiais espetaculares e principalmente à dupla de protagonistas Ewan McGregor e Sean Bean pelas atuações brilhantes. A Ilha foi para mim uma grata surpresa. Um filme que ninguém comenta e que é espetacular sob todos os aspectos.

Agora vou contar um segredo sobre A Ilha, se você gostou do que leu e deseja assistir ao filme, aconselho parar de lê por aqui. A grande lição de A Ilha fica por conta de Albert Laurent (Djimon Hounsou). No começo do filme ele ajuda Dr. Merrick a recapturar os clones fugitivos, mas no final é o grande responsável pela libertação de todos os clones aprisionados. A cena é linda, uma tomada aérea mostrando a emoção do descobrimento de um novo mundo. Como Djimon é negro, o roteirista faz uma emocionante associação entre a abolição da escravatura e o começo de uma nova era para os clones. Nota 4/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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