Ter um clone será o sonho americano dos próximos 50 anos, é disso que fala o filme. O clone permitirá as pessoas a viverem mais e melhor. O clone será uma espécie de seguro de vida. Seus órgãos e tecidos poderão ser transplantados sempre que necessário. É mais ou menos assim: quando uma esposa deseja se enfeitar com uma nova plástica ou o marido fica doente e precisa Cinema - Ficção Científicade uma parte nova, é só mutilar o coitado do clone.
Em A Ilha isso é possível através do "Agnet", uma estrutura orgânica feita para se moldar diretamente à fase adulta. Dessa maneira os clones conseguem "nascer" na mesma idade que o original [quem já assistiu "O Senhor dos Anéis" e viu o nascimento de um Ork sabe do que estou falando]. Com essa revolução da ciência, será possível promover uma reposição para o seu bebê, um segundo par de pulmões, uma pele nova e por aí vai, tudo geneticamente idêntico ao original.
Propaganda enganosa. No filme os clones vivem normalmente dentro desse abrigo. A questão é que os coitados não sabem quase nada sobre o mundo exterior. A empresa implantou uma estorinha na mente deles, em que o mundo sofre uma grande contaminação e isso os fazem temer sair do abrigo.
Por isso mesmo esse abrigo é tratado como uma espécie de "Jardim do Éden", os clones só desejam sair de lá para uma fantasiosa ilha. Essa ilha seria o único lugar do mundo que não teria sofrido contaminação. Ocasionalmente é feito um sorteio entre os clones para saber quem será o sortudo que irá para a tal ilha. O que eles nem imaginam é que a ilha é apenas um pretexto para tirá-los do abrigo e mutilar seus órgãos e tecidos.
Tudo muito possível, graças ao brilhante roteiro de A Ilha. A história original pertence a Caspian Tredwell-Owen, mas Alex Kurtzman e Roberto Orci deram umas modificadas e tornaram-no comercialmente vendável. A direção é de criticado Michael Bay, um cara que já sofreu muito pelos fracassos de "Armageddon" (1998) e "Pearl Harbor" (2001). Concordo com as críticas, mas uma coisa o cara faz bem, cenas de ação.
Parabéns a Mauro Fiore pela linda fotografia, a Industrial Light & Magic pelos efeitos especiais espetaculares e principalmente à dupla de protagonistas Ewan McGregor e Sean Bean pelas atuações brilhantes. A Ilha foi para mim uma grata surpresa. Um filme que ninguém comenta e que é espetacular sob todos os aspectos.
Agora vou contar um segredo sobre A Ilha, se você gostou do que leu e deseja assistir ao filme, aconselho parar de lê por aqui. A grande lição de A Ilha fica por conta de Albert Laurent (Djimon Hounsou). No começo do filme ele ajuda Dr. Merrick a recapturar os clones fugitivos, mas no final é o grande responsável pela libertação de todos os clones aprisionados. A cena é linda, uma tomada aérea mostrando a emoção do descobrimento de um novo mundo. Como Djimon é negro, o roteirista faz uma emocionante associação entre a abolição da escravatura e o começo de uma nova era para os clones.
Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.