Muitas vezes já me referi ao Almodóvar com um sorriso sacana nos lábios, mas na comédia dramática Volver aconteceu algo novo. Divertimento da forma mais infantil possível. Era como se estivesse cercado de parentes, entre amigos, vivenciando cenas de um cotidiano latino, natural, humano.
Não que não tenha aquelas putarias de sempre. Tem. A primeira é um pai (Lola Dueñas) olhando entre as pernas da própria "filha" (Yohana Cobo) e depois a filha matando o próprio pai. Filha que é irmã. Irmã que é filha. Mãe que matou. Mãe que fingiu que morreu. Complexo, louco, complicado, Almodóvar. Mas o que realmente fica marcado é o desenrolar dessa trama cheia de humor, crendices, mistérios e emoção.
Numa bela noite ocorrem duas importantes mortes na família. Aliás, o filme já começa num cemitério e dele parece não querer sair. A morte é o principal personagem de Volver. Mas isso não torna o filme melancólico, não mesmo. O roteiro - do próprio Almodóvar -, é tão cativante que a faz parecer natural. O que de fato o é [ou pelo menos deveria ser].
Volver é um filme bastante premiado, o longa já recebeu 5 prêmios da Academia do Cinema Europeu: Melhor Diretor, Melhor Atriz (Penélope Cruz), Melhor Compositor (Alberto Iglesias), Melhor Câmera (José Luis Alcaide) e da Melhor Filme segundo escolha do público. E anotem aí: Volver será indicado ao Oscar 2007 nas principais categorias.
Deixei por último um comentário sobre a fotografia de José Alcaine. Tudo muito colorido, moderno e vivo. Uma fotografia viva para representar a morte, lembrei de "A Noiva Cadáver" (leia meu post). E putz, os closes na Penélope Cruz totalmente crua são demais [eu disse crua]. ¿Después de todo, cuál sería de nuestras vidas sin estas mujeres?
Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.