sexta-feira, 1 de setembro de 2006 às 04:00

A Noiva-Cadáver: um musical macabro para celebrar o divertido mundo dos mortos

A Noiva-Cadáver (Corpse Bride, 2005) é uma fábula gótica contada a partir de uma animação em stop-motion (confesso que demorei para acreditar que os personagens são bonecos fotografados quadro a quadro). Diferente de todas as animações que já vi, o filme é um musical macabro que gira em torno do triângulo amoroso formado por Victor Van Dorst (voz de Johnny Depp), Victoria Everglot (voz de Emily Watson) e a fantasmagórica Noiva-Cadáver (voz de Helena Bonham Carter).

A direção de Tim Burton e Mike Johnson e o roteiro do próprio Burton em conjunto com Allison Abbate, primam pela excelência visual e brinca com a morte. Em entrevista ao jornal USA Today ele disse que o objetivo de A Noiva-Cadáver era mostrar a morte como uma celebração. Isso difere da coisa sombria e secreta que nos ensinam desde criança. "Para mim, é mais positivo, espiritual e correto", disse ele.

      

As cores do filme fazem parte da própria história. Enquanto a Terra dos Vivos é povoada por pessoas cinzentas, ranzinzas e sofredoras, a Terra dos Mortos é um verdadeiro circo de cores e alegrias. O humor bizarro dos vermes que habitam os mortos deve ter feito muita criança morrer de ri.

O filme baseia-se num conto folclórico russo do século 19. Os mais antigos contam que nessa época o anti-semitismo dominava a Europa. Os grupos costumavam preparar emboscadas no caminho de casamentos judeus. Nessa época, várias noivas foram assassinadas e, de forma macabra, enterradas com seus longos vestidos brancos. Leia abaixo o conto original que baseiou-se o filme.

      

"Era uma vez um homem que vivia em uma vila russa e estava preste a se casar. Ele e seu amigo resolveram fazer uma viagem até a vila onde sua noiva morava, que ficava há uns dois dias de distância. Os amigos embarcam na viagem, e resolvem levantar acampamento na margem de um rio.

O jovem homem, que iria se casar, encontra um estranho graveto no chão que mais parecia o osso de um dedo. Ele e seu amigo começaram a fazer brincadeiras e piadas com o graveto e o noivo pegou seu anel de casamento e colocou no que parecia ser os restos mortais de um dedo. O jovem começou a dançar em volta do osso, cantando e dançando músicas judias de casamento e recitou todo o sacramento de um casamento enquanto seu amigo morria de rir.

      

Mas toda a alegria acabou de repente. O chão começou a tremer sob seus pés e o osso no chão deu lugar a um buraco de onde saiu uma estranha noiva, uma noiva viva. Ela havia sido uma noiva mas agora estava mais para um esqueleto amontoado com restos de pele, e ainda usava um velho vestido branco. Minhocas e teias de aranha agarraram o noivo e seu amigo.

Os dois jovens estavam presos. A noiva então anunciou aos dois amigos que que o jovem noivo havia colocado o anel em seu dedo, pronunciado os votos de casamento e feito danças cerimoniais, e que agora ela queria os seus direitos como noiva. Ao conseguirem se libertar os dois amigos correram para a vila e foram procurar o rabino atrás de respostas para o que havia acontecido. Agora, a decisão dos rabinos farão dos dois casados ou não."

Um filme visualmente incrível, com personagens cativantes, fácil de ri, mensagens subliminares que nos levam a valorizar a vida mas não ter medo da morte e musicais que remontam aos becos da velha Nova Orleans. Só faltou um final mais surpreendente. Nota 3/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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