sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007 às 02:54

O Último Rei da Escócia: uma nova visão de um ditador sanguinário

O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, 2006) é o filme que dará o Oscar 2007 de melhor ator para Forest Whitaker, eu não tenho dúvidas. E isso não será nenhum favor. Whitaker conseguiu brilhantemente capturar todas as nuances do ditador ugandense Idi Amin Dada.

Li na revista SET que nem mesmo nos intervalos das gravações, Whitaker tirava o uniforme de general, incrível. Segundo ele o objetivo era "não deixar o personagem escapar, pois seria muito difícil trazê-lo de volta". As expressões faciais desse cidadão são aterrorizantes.

Com direção de Kevin Macdonald e roteiro da dupla Jeremy Brock e Peter Morgan, baseado no livro de Giles Foden, o filme conta a aventura do médico recém-formado Nicholas Garrigan (James McAvoy). O jovem escocês viaja para o país africano de Uganda, em busca de aventura, romance e alegria.

Em 1971, logo após a chegada Nicholas, o país sofre um golpe militar que derruba o então presidente Milton Obote do poder. O líder desse governo insurgente é o general Idi Amin, um homem vindo de família pobre e consciente das mazelas de seu povo. Nicholas participa de um comício com o novo presidente e fica encantado com discurso do general Amin.

"Eu sou Idi Amin. E quero lhes prometer que este será um governo de ação, não de palavras. Construiremos novas escolas, novas estradas e um novo hospital. Eu uso o uniforme de um general, mas em meu coração, sou um homem simples. Como vocês. Sei quem são e tudo o que são. Eu sou vocês. Perguntem a meus soldados. Jamais em minha vida comi, se meus soldados não comessem primeiro. E assim será em Uganda agora. Juntos faremos deste um país melhor."

      

Por um acaso do destino Nicholas conhece o general Amin, que o convida para ser seu médico particular. A afeição entre os dois surgiu rapidamente pelo carinho que Amin tinha pelos escoceses. Nicholas passa a morar na mansão presidencial e a ter acesso a intimidade do general.

No começo é só alegria. Amin é um líder bonachão, cheio de carisma e amigo de Nicholas. Porém, com o passar do tempo, seu governo torna-se tão sanguinário quanto os antecessores. Amin acaba com as tribos locais, expulsa os asiáticos do país, instala pelotões de execução e aprisiona opositores. Organismos internacionais apontam que durante seu regime (1971 e 1979), o ditador assassinou mais de 300 mil ugandenses. Já vi essa história antes...

Essas atrocidades perturbam Nicholas, fazendo-o querer voltar para Escócia. Impedido de sair de Uganda, Nicholas se envolve com uma das mulheres do general, piorando ainda mais sua situação. A verdade é que Amin foi ficando isolado. Odiado por governos africanos, chamado de canibal pelos países europeus e alvo de críticas da imprensa de todo o mundo, o general foi ficando cada vez mais paranóico.

Baseado em fatos reais, O Último Rei da Escócia nos oferece uma aula de moral e ética. Uma nova visão de um ditador sanguinário. Uma visão humana? Não, apenas uma perspectiva nunca antes contada. O Amin que seduz o expectador no começo do filme, é o mesmo que no final o pendura com ganchos pela pele. Bizarro! Com um homem pode mudar tão rapidamente de humor? Como um líder dessa magnitude pode ser tão infantil? Como um ser humano pode ser tão selvagem? Nota 3/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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