São quatro histórias e um roteiro todo entrelaçado. Muito parecido com "Crash - No Limite", Babel começa numa região montanhosa do Marrocos. Os meninos Ahmed (Said Tarchani) e Youssef (Boubker At El Caid) brincam com o rifle de seu pai. Acidentalmente um dos garotos acerta um tiro em Susan (Cate Blanchett), uma turista americana que passava de ônibus pelo local com seu marido, Richard (Brad Pitt).
Esse acidente provoca conseqüências em vários pontos do planeta. Nos Estados Unidos a babá mexicana Amelia (Adriana Barraza), que cuidava dos filhos do casal americano, resolve levar os garotos para o casamento de seu filho no México. Muito legal o processo de descoberta de um novo mundo a partir da perspectiva das crianças. A volta pra casa é que acabou mal.
Resquícios de pólvora também resvalam no Japão, onde vive Yasujiro (Kôji Yakusho), o primeiro dono do rifle. O cidadão é pai da adolescente surda-muda Chieko (Rinko Kinkuchi). Muito boa a história da japinha. As cenas da moça se drogando e curtindo as loucas baladas orientais é bem legal. O Japão parece um outro planeta, incrível.
Por fim, o tiro dos pequenos marroquinos cria muita confusão com as autoridades locais e termina de jeito trágico. A seqüência em que Richard cuida do ferimento de Susan numa aldeia é forte. Nos faz refletir sobre barreiras culturais e preconceitos.
Babel foi o eleito o Melhor Drama de 2007 pelo Globo de Ouro. Além disso, o filme irá concorrer ao Oscar com 7 indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante (Adriana Barraza e Rinko Kinkuchi), Melhor Roteiro Original, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição.
Segundo o Wikipédia, Babel, em acadiano, é Bab ilu. Deriva de Bad ("porta", "portão") e ilu ("Deus") e significa "Porta de Deus". Para os judeus adquiriu o significado de "confusão" em harmonia. Gênesis 11:9, conta e a história da construção da Torre de Babel. Descendentes de Noé (o cara da arca) tentaram construir uma torre para alcançar o céu. Deus (tinha que ser ele), irritado com a blasfêmia, teria feito os trabalhadores falarem línguas diferentes, criando confusão e paralisação da obra.
Em Babel a história da Bíblia se repete. Os personagens não falam a mesma língua e não compreendem as necessidades uns dos outros. O filme fala sobre política e globalização, através de um bonito conto sobre pais e filhos. Excelente, mas não é o melhor filme do ano. Sorte dos concorrentes.
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