domingo, 25 de maio de 2008 às 19:06

Horton e o Mundo dos Quem!: promovendo a lógica paquiderme da defesa pela vida

Horton e o Mundo dos Quem! "Uma pessoa é uma pessoa, não importa o seu tamanho". Essa frase dita e repetida na animação Horton e o Mundo dos Quem! (Dr. Seuss, Horton Hears a Who!, 2008), da Blue Sky Studios, gerou uma série de polêmicas. Junto com ela, o filme nos apresenta um conjunto de signos bem peculiares. A história provém do livro homônimo, publicado em 1954, de Dr. Seuss (pseudônimo de Theodor Geisel, 1904-1991), um dos escritores infantis mais famosos dos Estados Unidos. Aqui no Brasil, somente o segundo livro da série, "Horton Hatches the Egg", foi lançado, tendo sido intitulado "Tonho Choca o Ovo".

No filme, Horton (voz de Jim Carrey) é um elefante que, um dia, ouve um pedido de socorro vindo de uma partícula de poeira que flutua no ar. Surpreso, ele passa a desconfiar que possa existir vida dentro daquela partícula. Trata-se do Prefeito de Quemlândia (voz de Steve Carell), local habitado pelos Quem, seres que ignoram a existência de vida fora da cidade em que vivem. Mesmo com todos à sua volta acreditando que perdeu o juízo, Horton decide ajudar os moradores de Quemlândia.

Horton e o Mundo dos Quem!      Horton e o Mundo dos Quem!

É a mesma lógica do filme "Homens de Preto" (1997), no qual todos procuram pela galáxia no Cinturão de Órion como se ela fosse gigantesca, quando na verdade é minúscula, cabendo na coleira de um gato. No final, o filme ainda mostra um grupo de alienígenas jogando bola-de-gude com várias galáxias. Esse tipo de teoria serve pra mostrar que o conceito de "grande e pequeno" é absolutamente relativo, dependendo apenas do referencial comparativo que a análise se propõe.

A diferença em relação à MIB é que dessa vez os ativistas anti-aborto e anti-células-tronco, aproveitaram Horton e o Mundo dos Quem! para encorpar os argumentos "a favor da vida". Eu assisti ao filme com essa idéia na cabeça, mas ao final dos 88 minutos, não vi nada que possa levar a esse entendimento. Só defende essa tese quem não prestou atenção na história. Contextualizada a frase tem um sentido diferente daquele pregado pelos ativistas. Ela me provocou a idéia de preservação da natureza, de respeito à diferença entre os povos (criaturas) e ao ódio aos cangurus (brincadeira!).

Fora isso, é interessante ver um elefante no centro de tudo. Logo ele, um gigantesco mamífero, defendendo uma partícula em que há vida. À primeira vista é estranho, porém, faz todo sentido. Elefantes são herbívoros, quem melhor para defender a vida do que aqueles que comem folha?! Elefantes têm grandes orelhas, quem melhor para escutar criaturas microscópicas?! Elefantes têm memória de elefante, quem melhor para lembrar a exata flor dente-de-leão em que habita o povo de Quemlândia?!

Horton e o Mundo dos Quem!      Horton e o Mundo dos Quem!

Em conteúdo, o filme não chega a ser "O Grinch" (história do mesmo autor), mas nos oferece metáforas excelentes, tais como: "terremotos, catástrofes, mudanças climáticas, alguém estaria brincando com nosso planeta?" Deus? Aliens? "Estamos aqui! Estamos aqui! Estamos aqui! Queremos ser salvos!", grita desesperadamente o povo de Quemlândia na esperança que alguém (com orelhas pequenas) os ouça. Esse grito não seria nosso? De que fala nossas orações, nossas promessas, o que prega nossos pastores?

Fatiado, Horton e o Mundo dos Quem! funciona também como entretenimento. Fiquei embasbacado com a animação mangá dentro do filme. Uma animação dentro da outra, absolutamente inusitado. Fora as referências à Santa Inquisição, as canções codificadas e as inúmeras perguntas que ficaram pairando como poeira: O que significa aquele bizarro bichinho amarelo chamado Kathy circulando pelo filme? Qual o sentido do rato ser o mocinho da história? Por que o canguru é o rei da floresta? Qual a lógica paquiderme da defesa pela vida? Nota 3/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.


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