quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 às 06:20

O Leitor: fetiche machadiano numa caminhada rumo ao inferno nazista

O LeitorHolocausto. Palavrinha difícil de escutar. Vem logo na mente as imagens dos campos de concentração em que seres humanos eram escravizados, exterminados, transformados em mortos-vivos. Ao todo foram mais de 10 milhões de vítimas diretas do regime nazista de Adolf Hitler. Depois disso, o mundo nunca mais foi o mesmo. Perdemos a crença na vida, no homem. Fomos ao inferno e de lá nunca mais saímos. Nesse ponto, "A Lista de Schindler" (1993) é o filme definitivo. Material inigualável sob todos os aspectos. Acontece que uma mesma história pode ser contada sob diferentes interpretações. O Leitor (The Reader, 2008) - filme indicado em cinco categorias do Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Stephen Daldry) e Melhor Atriz (Kate Winslet) - nos convida a escutar um novo argumento.

Tudo começa na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial. O adolescente Michael Berg (David Kross) conhece a solitária Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. O garoto é de família rica, ela uma simples operária. Apesar da diferença etária e social, Michael se apaixona por Hanna. Paixão de adolescente você sabe como é, só pensa em sexo. Hanna, madura, acaba aceitando o relacionamento como um simples passatempo. A única exigência da moça é: "após cada noitada, você terá que ler um trecho de um livro qualquer". Fetiche machadiano, heim! O garoto, que não é besta nem nada, monta logo uma biblioteca à beira da cama.

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Michael e Hanna passam metade do filme assim, numa explícita história de amor. Porém, num dos desencontros da vida, Hanna desaparece misteriosamente. Oito anos se passam. Michael agora é um dedicado estudante de Direito. Convidado pelo professor a acompanhar um polêmico julgamento de mulheres nazistas por crimes de guerra, o rapaz tem uma grande surpresa: Hanna Schmitz está no banco dos réus. Ela é apontada pelas companheiras como a líder das mulheres que vigiavam os prisioneiros nos campos de concentração. Através de seu depoimento o público conhece detalhes do "modo nazista" de encarar os fatos. Fria, calculista e amoral, Hanna é condenada à prisão perpétua.

A história é muito boa, merece estar na lista do Oscar. Mas achei o filme um pouco chato de assistir. Ao contrário da maioria das premiações, não creio que O Leitor esteja na lista dos cinco melhores do ano. Essa foi uma tremenda injustiça com outros filmes bem mais empolgantes. Por outro lado, quem realmente merece aplausos é Kate Winslet. A gordinha de "Titanic" (1997) evoluiu de uma maneira espantosa. A atriz se mostra sem pudor. Nua em todos os ângulos. Outro dia passou uma entrevista dela no programa da Oprah. Achei engraçado quando a apresentadora elogiou a naturalidade dos peitos da atriz, citando as cenas em que ela aparece deitada com eles caindo pra debaixo do sovaco. Por essas e outras deve ser difícil se enxergar nua na tela de cinema.

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Bobagens à parte, achei sensacional a forma com o diretor Stephen Daldry brinca ao nos colocar no banco de jurados do tribunal. Não creio que ele tenha tentado humanizar os guardas dos campos de concentração nazista, mas é inegável a tentação em perdoar a ré. No filme você tem a oportunidade de conhecê-la em detalhes, explorar várias facetas de suas paixões e valores. O que você faria? A pureza de pensamentos redime a crueldade das ações? Você a perdoaria? Independente disso, achei O Leitor um estranho frankenstein de amor pela leitura e ódio ao nazismo. Ainda assim, o filme acabou se mostrando um importante capítulo de nossa caminhada rumo ao inferno. Nota 2/5

Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.

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