domingo, 25 de março de 2007 às 21:01

300: a sangrenta adaptação da graphic novel de Frank Miller

Quando pipocou o primeiro trailer de 300 (300, 2007) na internet fiquei sedento por sangue. Não sei o que há comigo, mas violência cinematográfica é algo que me seduz. Nunca racionalizei sobre isso, mas parece ser uma característica dessa geração doente. Por sorte, ao que parece, inofensiva.

300 é uma adaptação da graphic novel "Os 300 de Esparta", de Frank Miller. O filme reproduz todas as características que mais gosto: estilo visual dos mangás, violência gratuita, script complexo, referências históricas clássicas, enredo derivado das grandes tragédias gregas, cenas de ação estilosas e adaptado para os videogames mais poderosos.

Visualmente incrível, 300 é uma poesia visual inédita a meus olhos. Navegando pela mesma estética visual criada por Robert Rodriguez em "Sin City - A Cidade do Pecado" (2005), o filme inteiro parece ser um "trailer alongado". É uma cena magnífica atrás da outra. Seqüências de ação espantosas, como a tempestade de flechas e a barbárie da muralha de corpos.

      

Sangue é a peça-chave dessa jornada. A revista SET disse que a violência em 300 faz o épico "Tróia" (2004) parecer um episódio de Malhação. Por mais engraçado que isso por ser, é fato. O começo do filme já é devastador. Somos apresentados ao método espartano de recrutamento dos soldados. Tudo começa com a seleção dos bebês.

"Quando um garoto nascia, os velhos espartanos o analisavam detalhadamente. Caso o garoto fosse pequeno, raquítico, doente ou deformado, era descartado. Quando já podia ficar em pé, era batizado no fogo do combate, ensinado a nunca recuar, a nunca se render. Ensinado que a morte no campo de batalha, a serviço de Esparta, era a maior glória que ele poderia alcançar na vida."

"Aos 7 anos, o garoto era tirado de sua mãe e jogado num mundo de violência. A Guilgue - como é chamada - força o garoto a lutar, o deixa faminto, o força a roubar e, se necessário, a matar. Com porretes e chicotes o garoto era punido. Ensinado a não mostrar dor, nem piedade. Constantemente testado, jogado no mundo selvagem, deixado para usar sua inteligência e força de vontade contra a fúria da natureza. Era sua iniciação."

      

Na Esparta de Frank Miller, não há demonstrações de amor. Isso não significa que não exista amor, existe, e muito, mas sua demonstração não é tolerada. A força da Rainha Gorgo (Lena Headey) é o contraponto interessante dessa história. Todo o poder feminino ao longo do filme se concentra nesse personagem. Altivez, inteligência, sedução, humildade, persuasão e força.

Nesse quesito, cada personagem é inovador. A cena com o Oráculo é fantástica. Segundo a tradição, as mais belas mulheres espartanas são levadas pelos Éforos para morar com eles. Éforos são velhos leprosos que representam a lei e vivem isolados no topo de uma colina. Anestesiadas por fumaças alucinógenas, essas mulheres formam o Oráculo. Segundo a lenda, as moças conseguem prever o futuro.

Outro personagem incrível é o deus-rei Xerxes, interpretado pelo brasileiro Rodrigo Santoro. Lembra um pouco a Lady Die do filme "Carandiru" (2003). Achei surpreendente e bem legal o personagem do cara. Gostei também do Gerard Butler, que faz o rei espartano Leônidas. O cara é brilhante naquilo que se propõe. Seus melhores momentos ocorrem nos segundos antes das grandes decisões. As reflexões silenciosas lembram muito os últimos momentos de Maximus, em "Gladiador" (2000).

      

Mas o melhor de tudo é a mensagem final: "Lembrem-se de nós". Era por isso que Leônidas e seus homens lutavam. "Lembrem-se porque morremos". A mais simples das ordens que um Rei pode dar. Ele não quis tributos, canções, monumentos ou poemas de guerra. Seu desejo foi simples. "Lembrem-se de nós". Foi o que ele disse. Essa era sua esperança. Esse foi Leônidas, de Esparta, momentos depois da batalha final no desfiladeiro Termópiles, por volta e 480 a.C.

Com direção de Zack Snyder e roteiro do próprio Snyder, junto com Kurt Johnstad e Michael Gordon, 300 é um filme para entrar na história. Um conto sobre glória, liberdade e amor por seu país. Pense comigo: o que seria de nós sem Frank Miller? This is Sparta! Nota 5/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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