Mel Gibson conta em Apocalypto a decadência da civilização maia. A revista "Aventuras na História" ed.43 traz uma reportagem sobre essa civilização. O texto reforça a visão de Mel Gibson e diz que os maias já haviam entrado em declínio antes mesmo da chegada dos espanhóis. Segundo a revista, hoje os arqueólogos se esforçam para criar um retrato fiel da civilização que, por sete séculos, foi uma das mais desenvolvidas do Ocidente.
Gostei muito da dinâmica do filme. No começo somos levados para dentro de uma aldeia maia. Ficamos íntimos de seus hábitos alimentares, sexuais e familiares. A simplicidade e a alegria daquele povo é cativante. Mas não demora muito e a pequena aldeia - que já fazemos parte - é invadida por um grupo rival. Um massacre de fazer vomitar. Mulheres grávidas, idosos, crianças, sangue sem piedade. O objetivo do grupo invasor e capturar os homens para vendê-los como escravos.
Os caras são levados a uma imponente cidade maia, é quando descobrem que suas vidas serão sacrificadas num ritual religioso. No topo da escadaria o líder discursa para a multidão. Ele diz que os dias tem sido de grande lamento, que a terra está sedenta, que uma grande praga infesta as colheitas, que a calamidade da doença aflige a todos. Mas o líder faz previsões:
"Grande povo da bandeira do sol, eu digo que somos fortes! Somos um povo destinado! Destinado a ser os senhores do tempo. Destinado a estar mais próximo dos deuses! Poderoso Kukulcan! Cuja fúria poderia queimar a terra até o seu esquecimento. Deixe-nos satisfazê-lo com este sacrifício. Para exaltá-lo na sua glória. Para fazer com que nosso povo prospere. Para nos preparar para o seu regresso! Guerreiro, destemido e voluntarioso! Com o seu sangue renovará o mundo!"
Interessante notar nessa cena um velho costume. Os mais sábios usavam o conhecimento de possuíam sobre os fenômenos da natureza, para demonstrar poder perante os súditos. Os maias conheciam o eclipse solar, inclusive sabendo com precisão a data e a hora que ocorreria. Com isso podiam simular um controle sobre o sol. Achei interessante.
Depois disso não há diálogos, só correria. As cenas da perseguição na floresta são excelentes. Mas é injustiça dizer que o filme se resume a isso. Apocalypto também tem muita emoção, principalmente nos olhares. Deve ser por isso que Mel Gibson não está nem aí para o inglês. Todo o filme é falado em dialeto maia. O diretor aposta na universal linguagem dos olhares. Os olhos no filme possuem alma e vida própria.
Dirigido, escrito, produzido e financiado por Gibson, o longa só recebeu 3 indicações ao Oscar 2007: Melhor Som, Melhor Edição de Som e Melhor Maquiagem. Apocalypto também significa "um novo começo" para Mel Gibson. Uma oportunidade para abandonar preconceitos antisemitistas e continuar nos presenteando com outros grandes filmes.
Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.
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