Parapapapapapapapapa... / Morro do Dendê é ruim de invadir / Nois com os Alemão vamo se diverti / Porque no Dendê, eu vo dizer como é que é / Mas não tem mole, nem pra DRE / Pra entrar lá na de Deus até a BOPE treme / Não tem mole pro exército civil nem pra PM / Eu dou o maior conceito, pra os amigos meus / Mais Morro Do Dendê também é terra de deus.
Os rappers Cidinho e Doca dão o tom no começo. Mas a farra termina logo no primeiro pipoco. O filme é baseado no livro "A Elite da Tropa", do antropólogo Luiz Eduardo Soares, uma das maiores autoridades do Brasil em segurança, contando com ajuda de dois policiais, André Batista e Rodrigo Pimentel. Não li o livro, infelizmente.
Tropa de Elite é um filme violento. Mais violento do que todas as merdas que Hollywood nos impõe goela abaixo. O longa brazuca põe no chinelo qualquer filme do gênero lançado nos últimos 5 anos. Que se foda o Oscar, Tropa de Elite já deixou o seu recado. Covardia mesmo é não premiar um trabalho de tamanha qualidade. Wagner Moura deu um show como Capitão Nascimento, isso é indiscutível, tanto que não se fala de outra coisa. Mas direção (José Padilha), edição (Daniel Rezende) e fotografia (Lula Carvalho), fazem tudo funcionar com a interatividade de um videogame. A câmera sempre está onde gostaríamos que ela estivesse. E isso não tem preço.
Tropa de Elite mete o pau [literalmente] nos maconheiros, nos otários que se vestem de branco pela paz, na polícia militar do Rio de Janeiro e em tudo que aparece pelo caminho. O BOPE não entra pra morrer, entra pra matar. O símbolo deles é uma caveira. Acredite, eles não se vestem de preto à toa. O treinamento dos caras é mais pesado que o do exército de Israel. O que a polícia militar suja, o BOPE limpa. Missão dada é missão cumprida.
Outra coisa é o sistema montado pela polícia. Ele [sistema] não defende a sociedade, defende o próprio sistema. Que coisa louca, fica parecendo que existe um saco de plástico prendendo a respiração da sociedade civil. Por fim destaco o debate em sala de aula sobre a polícia. Que momento monstruoso de nosso cinema. Parecia que eu estava lá, sentado naquela faculdade. Dando minha merda de opinião sobre um assunto tão distante [e tão próximo] de minha realidade. Feliz da vida por ser um "cidadão informado". Na verdade sou um cego, mais um babaca vítima do jogo midiático. Só nos resta implorar: "Na cara não chefe, para não estragar o velório".
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