sexta-feira, 11 de janeiro de 2008 às 01:10

O Gângster: Russell Crowe colocando água benta no chopp de Denzel Washington

Excelente filme: tenso, brutal e didático. Com toda certeza O Gângster (American Gangster, 2007) merece entrar no TOP 5 da corrida ao Oscar 2008. O filme abrilhanta a carreira de Ridley Scott e posiciona-se ao lado de "Gladiador" (2000) e "Blade Runner" (1982) entre os melhores trabalhos do diretor. De quebra O Gângster pode representar uma nova estatueta aos já premiados Denzel Washington e Russel Crowe.

Baseado em fatos reais, o filme se passa no final da década de 60, com o mundo de olho na Guerra do Vietnã. A história mostra a ascensão do rei do tráfico de heroína Frank Lucas (Denzel Washington) até sua queda, comandada pelo incorruptível policial Richie Roberts (Russell Crowe). Richie não só liderou a força tarefa federal que levou o traficante à justiça, como pôs na cadeira três quartos dos policiais do Departamento de Narcóticos de New York.

      

Mas o que difere O Gângster de outros filmes sobre máfia é que a Frank Lucas não é um traficante qualquer. Negro, cresceu numa Carolina do Norte segregada pelo racismo. Quando criança viu seu primo ser morto por membros da Ku Klux Klan, por simplesmente olhar para uma garota branca. Frank conseguiu chegar a Harlem em New York, mudando o mercado do tráfico ao cortar atravessadores e negociar diretamente com os plantadores de papoula do sudeste asiático.

O mais interessante, e também perturbador, é que toda a heroína vinda do Vietnã era embarcada em aviões do Exército Americano, dentro de caixões que traziam os soldados mortos na guerra. Rapidamente Frank tinha a melhor heroína do mercado, fazendo até um milhão de dólares por dia. Numa jogada de mestre, o cara começou a vender a droga com o dobro de qualidade e pela metade do preço. A "Magia Azul" monopolizou o mercado, batendo de frente com a máfia italiana.

O Gângster é um filme que assusta. Quando assisti "Tropa de Elite" (2007) e vi o poder do tráfico, a logística da droga e a corrupção impregnada na força policial, fiquei com vergonha de vê esse filme rodando no exterior. Mas O Gângster é bem mais pesado, apesar de menos explícito. Um thriller político sensacional para nos fazer debater sobre a força da droga e a forma como ela invade nossos lares e todas as corporações. A conclusão óbvia é que a droga é a maior invenção da humanidade.

      

Ambientado na New York da década de 1970, foi uma ótima idéia conduzir o filme na batida dos noticiários e eventos históricos que culminaram na batalha vietcongue. Incrível saber que além de fervorosos consumidores, os militares americanos ajudaram no tráfico de drogas. Outro aspecto notável é o contraponto visual entre a viagem de Frank aos campos vietnamitas de fabricação de heroína e o abuso de cenários urbanos apocalípticos que dominam a história.

Baseado no artigo "The Return of Superfly", de Mark Jacobson, e adaptado por Steve Zaillian (ganhador do Oscar em 1993 pelo roteiro de a "Lista de Schindler"), O Gângster é um seara de luxúria e ambição, pondo em cheque o velho "sonho americano." Afinal, a vida não deve ser melhor, mais rica e cheia para todos? Então me deixem fazer sucesso com minha habilidade de ganhar dinheiro com o tráfico. Infelizmente para Frank, o discurso não funcionou. Ele foi preso e condenado. Anos mais tarde, curiosamente a vida se encarregou de unir os personagens. Lucas saiu da cadeia, tornou-se advogado e ajudou a colocar Frank em liberdade. Água benta, por favor. Nota 5/5

Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.

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