Levar um golpe direto no queixo, logo no início da luta, faz você ficar na defensiva, com atenção máxima até o final. Comigo aconteceu assim, não consegui piscar um só segundo na esperança de saber como aquilo tudo começou e como iria terminar. Todavia, Senhores do Crime é uma história sem começo e sem fim, apenas um pequeno capítulo no meio de uma odisséia russa.
No filme, Anna Ivanovna (Naomi Watts) é uma parteira que trabalha num hospital em Londres. Um dia testemunha a morte de uma jovem de 14 anos, durante um parto realizado na noite de natal. Com o diário da moça em mãos, ela decide procurar a família para dar a notícia do falecimento pessoalmente, o que a faz decobrir segredos sobre a menina.
A busca acaba colocando-a em contato com o misterioso tráfico do sexo, comandado pela organização criminosa russa dos Vory V Zakone. Logo Anna conhece Semyon (Armin Mueller-Stahl), o patriarca da família. Eu não conhecia esse ator, mas o cara merece um prêmio. Seu personagem exala um terror psicológico digno de Hannibal Lecter.
Mas o foco da história é a relação entre Anna e o motorista do velhote, Nikolai Luzhin (Viggo Mortensen, o Aragorn de "O Senhor dos Anéis"). O personagem, apesar de parecer secundário, representa o papel masculino mais importante no filme. Inclusive, Viggo Mortensen concorreu ao Globo de Ouro por essa atuação. Particularmente achei que faltou um pouco mais de nuances à caracterização.
Senhores do Crime me fez refletir: o cinema está cada dia mais violento, obsceno e explícito? Comparando com a década de 90, os filmes estariam mais apelativos? O fato é que há um abuso no uso de crianças prostituídas, mulheres escravizadas e um preconceito descompassado, quase visceral. Tudo é mostrado sem delongas, com muito mais realismo e ousadia. A chaga foi aberta e a humanidade nunca esteve tão nua.
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