sábado, 6 de setembro de 2008 às 00:01

Hancock: um basta na overdose de super-heróis com fantasias coloridas e sem personalidade

HancockHancock (Hancock, 2008) foi mal vendido. Digo isso porque sou consumidor das histórias de super-herói e em momento algum me senti atraído pelo filme. Olhando o pôster e assistindo ao trailer na televisão, imaginei que Hancock fosse um mero caça-níquel, uma comédia para tirar sarro dos filmes de super-herói, nada mais. Além disso, as primeiras críticas resumiam Hancock como uma "simples demonstração da capacidade computacional de Hollywood".

Assim assisti Hancock, sem qualquer expectativa. Resultado: adorei a história. Nem percebi se os efeitos especiais do filme são bons ou não, para mim importou o desenrolar de uma trama adulta e criativa. Pessoalmente penso que Hancock conseguiu inaugurar um novo rumo na indústria dos super-heróis no cinema, representando para esse segmento o mesmo que o livro "Macunaíma", de Mário de Andrade, representou para o Romancismo brasileiro. Um contra-resposta, um basta na overdose de heróis que usam fantasias coloridas para esconder seus medos e suas inseguranças.

Hancock      Hancock

John Hancock (Will Smith), personagem título do filme, é um super-herói odiado pela população. Todas as vezes que chega para resgatar alguém do perigo, acaba provocando um estrago ainda maior, causando enormes prejuízos à cidade de Los Angeles. Num desses seus "heróicos" salvamentos, o cara conhece Ray Embrey (Jason Bateman), um profissional de Marketing especializado em melhorar a reputação de seus clientes.

Veja só a que ponto nós chegamos. Um super-herói assessorado por um agente de relações públicas, situação inusitadamente interessante. Lembrei dos debates que surgiram após o lançamento de "Homem-Aranha" (2002). Todos se perguntavam: como um sujeito como Peter Parker conseguiu uma roupa de borracha que nem aquela? Um erro grotesco da produção do filme. Hancock põe um ponto final nesse tipo de picuinha e inicia a profissionalização da categoria.

Hancock      Hancock

A primeira recomendação de nosso "Homem do Marketing" é fazer Hancock entregar-se à polícia, para que cumpra pena pelos prejuízos causados à sociedade. Muito legal vê a águia presa na gaiola sem teto, podendo fugir, mas preferindo ficar. A idéia é mostrar que Hancock mudou, deixou de ser bêbado e mal-humorado, já podendo servir de exemplo às crianças e aos bons cidadãos. Ray também acredita que a prisão de Hancock fará a criminalidade disparar e, com isso, a população o chamará de volta. O que acaba acontecendo rapidamente.

Alcoólatra, maltrapilho, impulsivo e canastrão, o anti-herói Hancock chega a flertar com Mary Embrey (Charlize Theron), a esposa de Ray. Uma situação constrangedora e impensável. O fato valoriza o filme e muda os rumos da história. É a partir desse triângulo amoroso que a segunda metade se desenrola até seu final. Pena que tenha faltado coragem para escrever um desfecho condizente com o restante do filme. O apelo ao conservadorismo moral acabou deixando Hancock com jeitão brega. Nota 3/5

Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.

Comentários
1 Comentários

1 [+] :

Unknown disse...

Esperava muito mais deste filme. Hancock estreou nas telas, resultando em um enorme sucesso de público, provando o "Star Power" por Will Smith. E apesar de muitos diretores, Berg, finalmente, conseguiu fazer a proposta, apresentando um filme com uma ideia pouco e subutilizado torna-se visto, mas ao longo branda. Não há cenas absurdas (exceto alguns detalhes da conversa chave entre Smith e Theron), a ilegalidade ou mesmo divertido cenas de ação. OK, mas com uma assustadora falta de alma.

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