Assim assisti Hancock, sem qualquer expectativa. Resultado: adorei a história. Nem percebi se os efeitos especiais do filme são bons ou não, para mim importou o desenrolar de uma trama adulta e criativa. Pessoalmente penso que Hancock conseguiu inaugurar um novo rumo na indústria dos super-heróis no cinema, representando para esse segmento o mesmo que o livro "Macunaíma", de Mário de Andrade, representou para o Romancismo brasileiro. Um contra-resposta, um basta na overdose de heróis que usam fantasias coloridas para esconder seus medos e suas inseguranças.
Veja só a que ponto nós chegamos. Um super-herói assessorado por um agente de relações públicas, situação inusitadamente interessante. Lembrei dos debates que surgiram após o lançamento de "Homem-Aranha" (2002). Todos se perguntavam: como um sujeito como Peter Parker conseguiu uma roupa de borracha que nem aquela? Um erro grotesco da produção do filme. Hancock põe um ponto final nesse tipo de picuinha e inicia a profissionalização da categoria.
Alcoólatra, maltrapilho, impulsivo e canastrão, o anti-herói Hancock chega a flertar com Mary Embrey (Charlize Theron), a esposa de Ray. Uma situação constrangedora e impensável. O fato valoriza o filme e muda os rumos da história. É a partir desse triângulo amoroso que a segunda metade se desenrola até seu final. Pena que tenha faltado coragem para escrever um desfecho condizente com o restante do filme. O apelo ao conservadorismo moral acabou deixando Hancock com jeitão brega.
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