O talento brasileiro sempre foi respeitado mundo afora, existem milhares brilhando nos bastidores. Todavia, é de frente para as câmeras que o Brasil se revela, se enxerga, rompe os limites impostos por nossa própria sociedade e conquista o mundo. Foi assim o Xerxes de Rodrigo Santoro em "300" (leia a resenha) e a Anna da Alice Braga em "Eu Sou a Lenda" (leia a resenha), duas mega-produções que levaram o talento brasileiro para milhões de salas espalhadas pelos quatro cantos do planeta.
Com os rostos cada vez mais conhecidos e o talento aos poucos sendo revelado, não demorou para os brasileiros se encontrarem na tela do cinema. Juntos fizeram o longa-metragem Cinturão Vermelho (Redbelt, 2008), em que formam uma dupla interessante, com forte potencial para realizar futuras parcerias. Com orçamento de US$ 7 milhões, Cinturão Vermelho é um filme sem estrelas hollywoodianas, o maior astro do filme é Tim Allen, comediante que brilhou em "Motoqueiros Selvagens" (leia a resenha). O foco da trama é a pluralidade étnica do elenco.
Cinturão Vermelho conta uma história sem passado e sem futuro. Não há nada de complexo, conturbado ou desafiador. É uma narrativa simples, revelando um breve acontecimento da vida do professor de jiu-jitsu Mike Terry (Chiwetel Ejiofor). Como todo filme de luta, há uma expectativa que termine com "o grande torneio de artes marciais". Porém, Cinturão Vermelho prefere acompanhar os nuances psicológicos do protagonista, ao encarar diversas crises ocorrendo ao mesmo tempo: mulher, amigos, carreira e personalidade.
Ele e sua esposa Sondra (Alice Braga) lutam para manter a academia de jiu-jitsu em funcionamento. Um acidente envolvendo o oficial de polícia Joe Collins (Max Martini) e a advogada Laura Black (Emilly Mortimer), provoca uma grande mudança na vida de Mike. Precisando de dinheiro, pede ajuda ao cunhado, Rodrigo Santoro (Bruno Silva), um empresário do mundo das lutas de vale-tudo. Ele sugere que Mike se inscreva no torneio de luta que está promovendo.
Nos bastidores o lutador percebe que foi envolvido num grande golpe e toda a competição não passa de um grande teatro. E se não bastasse, o torneio de vale-tudo adota as técnicas de luta idealizadas por ele, sem que tenha recebido qualquer quantia pelos direitos autorais. Todos esses problemas se misturam na cabeça de Mike que tenta seguir o código aprendido com seu mestre samurai para superar as dificuldades. O desafio é fazer isso sem renunciar à sua ética, seu caráter e seu histórico de vida.
Escrito e dirigido por David Mamet, roteirista de "Os Intocáveis" (leia a resenha), Cinturão Vermelho é um filme chato. Na segunda metade da história a coisa melhora um pouco, inclusive com um final diferente do que eu esperava, mesmo assim é ruim. Tirando a parte que fiquei completamente perdido com a alternância entre as falas em inglês e português, Cinturão Vermelho não nos apresenta qualquer desafio intelectual e peca pela falta de agilidade. Lento, quase parando, o filme não revela emoção, mostrando-se sério demais e absurdamente introspectivo.
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