Fenômeno parecido está acontecendo com o filme indiano Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire, 2008). Não tão forte, mas com o mesmo impacto visual, Quem Quer Ser um Milionário? trouxe de volta aquela conhecida avalanche de opiniões exógenas. Primeiro foi Amitabh Bachchan, ator veterano das produções de Bollywood, que repudiou a forma como a Índia é retratada na produção: "um país do terceiro mundo, sujo e desprotegido". Agora os caras andam questionando o título original, algo como "Vira-lata Milionário" ou "Favelado Milionário". Moradores de Mumbai foram protestar na frente da casa de Anil Kapoor, uma das estrelas do filme.
Esse apanhado de histórias curiosas transformou Quem Quer Ser um Milionário? numa divertida aventura dinâmica e fragmentada. Logo no começo do filme temos uma perseguição empreitada por uma dupla de policiais contra uma turma de moleques no meio da favela. Espetacular a câmera passeando por cima dos barracos acompanhada de uma bela trilha musical. Isso sem contar a gaiatice dos meninos. Hilário, empolgante e imprevisível. Não foi de graça que o filme tem conquistado tantos prêmios, incluindo as principais categorias do Globo de Ouro 2009 e incríveis 10 indicações ao Oscar, já despontando como grande favorito.
Além da diversão, temos uma complicada história de amor. Desde "Apocalypto" (leia a resenha) eu não via uma paixão tão alucinante. O sujeito realmente gostava da menina. É mais fácil ganhar um milhão do que encontrar alguém tão determinado. Diga a verdade, por quanto tempo você esperaria alguém? Melhor ainda: sob que condições você aceitaria esse alguém? Seja sincero: quanto você ariscaria por ele? O favelado Jamal Malik esperou toda a vida, aceitou sua amada Latika (Freida Pinto) sob frangalhos e ariscou milhões. Sorte, destino ou tudo já estava escrito?
Quem Quer Ser um Milionário? responde à altura do frisson. Pra mim é o melhor filme do ano. Uma história mágica e verdadeira. Espetáculo de cores, sons e sensações. Personagens cativantes, tramas envolventes, mistério e ternura. Só não precisava daquele desfecho insosso estilo "High School Musical". Como a última sensação é a que fica, o final ajudou a rotular o filme como romance. Uma pena, já que a relação entre os irmãos foi muito mais complexa e significativa. Ficarei com a idéia de que não importa os desafios que a vida impõe, quando a pessoa tem boa índole ela sempre encontrará a redenção.
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