quarta-feira, 21 de maio de 2008 às 22:30

A Lenda de Beowulf: um conto épico sobre o processo de formação de mitos

“Beowulf” é o mais célebre poema épico tradicional da literatura anglo-saxã, tendo servido de fonte de inspiração para o escritor J.R.R. Tolkien escrever “O Senhor dos Anéis” (leia eu post sobre o livro). Mas não vou comentar sobre essa obra da literatura medieval, meu foco hoje é A Lenda de Beowulf (Beowulf, 2007), filme dirigido por Robert Zemeckis que utiliza uma técnica de captura de movimento, na qual todos os atores atuam em frente a uma tela vazia, com sensores presos a eles. Os dados são repassados a computadores e servem de molde para a criação digital dos personagens do filme.

Essa é a quarta versão para o cinema do poema "Beowulf". As anteriores foram "Grendel Grendel Grendel" (1981), "Beowulf - O Guerreiro das Sombras" (1999) e "A Lenda de Grendel" (2005). Não tive a oportunidade de assistir esses trabalhos, mas posso garantir que a história das aventuras do herói Beowulf (Ray Winstone), que viaja à corte do Rei Hrothgar (Anthony Hopkins) para o livrar o reino da terrível predação do demônio Grendel (Crispin Glover), é fascinante.

      

A Lenda de Beowulf é realmente um filme diferenciado. A história nos faz refletir sobre assuntos instigantes tais como: poder, sedução, sacrifício, destino, religião, amor e o processo de formação de mitos. Todos esses grandes temas contemporâneos estão presentes nessa bela obra. Sempre passeando entre acontecimentos reais e fantasiosos, como o nascimento de Cristo e o impacto disso na vida das pessoas, além da própria idéia da traição da Rainha Wealthow (Robin Wright Penn) e a concepção ocidental do viria a ser "amor perfeito".

Mais do que superar expectativas ideológicas, o filme é um espetáculo para a visão. As aparições de Angelina Jolie nua, por exemplo, é de cair o queixo. Isso nos leva à própria discussão sobre "o que é real". Existe mesmo essa beleza photoshopeada que todos desejam? O monstro só é monstro quando assim parece? Quem não peca por luxúria? E o mais importante: há quem resista aos encantos da mãe de Grendel?

      

No começo do filme achei esse Beowulf marrento demais, mas acabei entendendo o porquê daquilo. A Lenda de Beowulf chama atenção pelo realismo da história, a canalhice do protagonista é proposital, uma estratégia dele para aumentar a amplitude de suas glórias, de ser eternizado e ter seu nome cantado pelos poetas. De tão real, algumas cenas causam ojeriza (similar a clássicos do torture porn). Prepare-se para braços decepados, homens partidos ao meio, cabeças sendo mastigadas.

O filme começa bem, desenvolve-se de forma excelente e finaliza em grande estilo. A derradeira batalha contra o dragão é sensacional! Por tudo isso, A Lenda de Beowulf merecia uma maior atenção. O mundo deveria ter dado mais crédito a esse trabalho. Não sei se foi a concorrência com outros grandes filmes, mas A Lenda de Beowulf é muito melhor do que foi pintado. Que venham novas histórias do grande Beowulf. Nota 5/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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