sábado, 14 de fevereiro de 2009 às 00:11

A Troca: mãe e filho numa trágica e inacreditável história real

A TrocaMinha filha tem pouco mais de um ano. Outro dia ela perdeu a bonequinha que mais gostava. Todo dia choramingava o nome dela. A boneca era velha, suja e já estava bastante surrada, mesmo assim era seu brinquedo favorito. Colocava no colo, dava comidinha, levava pra dormir, um grude. Mas a boneca sumiu. Pra remediar comprei uma boneca nova, igualzinho a antiga. Quando ela olhou a boneca pela primeira vez, analisou, brincou um pouco e deixou de lado. De alguma forma ela percebeu que não era sua antiga bonequinha. Tudo parecia ser igual, mas não era. Alguma coisa invisível havia mudado.

Imagine agora essa situação envolvendo mãe e filho. A Troca (Changeling, 2008) é sobre isso. O filme se passa na década de 1920. Christine Collins (Angelina Jolie) é mãe solteira e trabalha como supervisora em uma central telefônica. Um dia, ao voltar do trabalho, ela não encontra seu filho Walter (Gattlin Griffith), de nove anos. Desesperada, liga para o Departamento de Polícia de Los Angeles. No outro lado da linha um oficial da lei responde: "Senhora, acalme-se, seu filho deve voltar logo pra casa. Saiba que 99% das crianças aparecem na manhã seguinte. Nós só iremos procurar o garoto depois de 24 horas, esse é o padrão".

A TrocaA Troca

Para piorar, a polícia vive um dos piores momentos de sua história. A corrupção impera num sangrento tribunal de exceção. No entanto, o reverendo Gustav Briegleb (John Malkovich) compra a briga da Sra. Collins. Na igreja e em seu programa de rádio, o pastor faz pesadas críticas à atuação policial. Quando a imprensa começa a cobrir o caso, a polícia toma uma atitude. Encontrar o menino passa a ser prioridade número 1. Três meses se passam e nada. Para dá uma satisfação à imprensa, a polícia devolve à mãe um órfão parecido com seu filho. A Sra. Collins fica desnorteada, mas acaba aceitando a mentira.

O mais engraçado é a polícia tentando convencer a Sra. Collins de que o órfão é sim seu filho. Surreal! O ápice da ignorância é a sequencia do hospício. Uma das internas diz: "Não há como sobreviver aqui. Por mais que você tente agir normal, sua loucura começa a aparecer. Se sorrir muito, você é delirante ou está sufocando a histeria. E se você não sorri, é deprimido. Se permanecer neutra, é emotivamente retirada, potencialmente catatônica". Dá uma vontade enorme de mudar de planeta. Feliz é a tripulação da Enterprise, estão sempre conhecendo novas raças. A humana eu perdi a esperança.

A TrocaA Troca

Não sou especialista, mas gostei da forma como o figurino desempenha função importante na história. Chapéus, casacos, a roupa interage com a cena de forma elegante e natural. Também achei interessante o papel desempenhado pela imprensa. No filme ela é a catalisadora de tudo que acontece. É a partir dos jornais que as pessoas se comovem e iniciam protestos, chefes perdem cargos e a justiça aparece. O final é justo, apesar de não ser feliz. Ficarei com a imagem da Sra. Collins guardada na mente. A força materna segurando sozinha o insuportável peso da responsabilidade familiar. Lições que só uma mãe é capaz de ensinar.

Dirigido por Clint Eastwood, ponho A Troca como um dos três melhores filmes da carreira do cowboy. Uma tremenda injustiça não ter aparecido na lista do cinco melhores do ano. O diretor conseguiu trabalhar a história sempre numa crescente. A trama te prende em cada segundo, simplesmente não dá para desgrudar da tela. Minuto a minuto o filme vai ficando cada vez mais brutal. Chegamos ao clímax com a descrição bizarra do jovem assassino. O pior de tudo é saber que a história é real. Sinceramente, preferia imaginar aquilo como ficção saída da cabeça de um roteirista criativo (e doente). A vida como ela é não tem a menor graça. Nota 5/5

Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.

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