Jabor ostenta um variada constelação semântica, deixando suas tiradas sempre oportunas e contextualizadas. Embora é preciso dizer que o autor é repetitivo em seus exemplos, além de adorar frases de efeito. Amor é Prosa, Sexo é Poesia mostra um Jabor saudosista. Tudo para ele é saudade. Tudo era melhor no passado. Tudo era mais romântico. Ele menospreza os anos 80 e 90. Em muitos momentos vi um homem perdido no tempo, sem conseguir cortar as amarras de sua geração.
Jabor entende que a "publicidade devastou o amor, falando na 'gasolina que eu amo', no sabonete que faz amar, na cerveja que seduz. Há uma obscenidade flutuando no ar o tempo todo, uma propaganda difusa do sexo impossível de cumprir". Um tapa na cara daqueles que apostam no Marketing Afetivo. Corroborando com Jabor, Humberto Gessinger dos Engenheiros do Hawaii, escreveu a letra da música "3ª do Plural", onde ele diz: "eles querem te vender/eles querem te comprar/querem te matar de rir/eles querem te fazer chorar/quem são eles?/quem eles pensam que são?". A arte faz seu papel de denunciar os excessos, cabe a nós, mercadólogos, abraçar a ética e dormir com ela todos os dias.
Voltando ao Amor é Prosa, Sexo é Poesia, Jabor supera-se, ao escrever: "Se antes, havia a polarização de ideologias em oposições binárias, pretos contra brancos, socialismo versus capitalismo, isso vinha da idéia de 'sistema e contra-sistema', de cultura e contra-cultura. Tudo era banhado pela luz vertical e orwelliana das televisões massificadas, de uma mídia centralizada, buscando uma narrativa única. Vemos agora que a distopia iluminista de Orwell foi passada pelos restos podres do mercado e pela anomia (e anemia) de qualquer projeto totalitário". Apesar do excesso de teatralidade, Amor é Prosa, Sexo é Poesia vale a leitura.