segunda-feira, 6 de novembro de 2006 às 01:16

A Luta Pela Esperança: vencer para não morrer de fome

Você vai ter que pagar R$14 para lê esse texto. Ao final, caso não fique satisfeito, devolvo seu dinheiro. Já imaginou? Pois é isso que a rede americana de salas de cinema AMC fez com o filme A Luta Pela Esperança (Cinderella Man, 2005). Assistiu, não gostou, pegue seu dinheiro na saída. Bem legal!

Estou torcendo para isso virar moda. Tem cada filme por aí que não vale nem os R$2 do aluguel. Mas os caras não são tão bobos assim. Fizeram isso com A Luta Pela Esperança, porque sabem que é um baita filme, tendo recebido 3 indicações ao Oscar 2006.

O longa é dirigido pelo americano Ron Howard, o mesmo de O Código Da Vinci (2006, leia meu post) e Uma Mente Brilhante (2001). Nesse filme o diretor volta a trabalhar com Russell Crowe, que interpreta o papel do pugilista Jim Braddock.

Baseado em fatos reais, a história de Braddock é uma justificativa para falar do sofrimento do povo americano durante o período que sucedeu a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, período conhecido como A Grande Depressão. Na perspectiva sociológica, o filme nos apresenta imagens de uma América nada próspera. E Braddock é o espelho desse povo.

      

Achei muito parecido com o Brasil de hoje. Perceba. Braddock é reconhecidamente um lutador de talento, porém, os desafios são tremendos. E após algumas derrotas, Braddock se vê obrigado a trabalhar fazendo bicos para poder sobreviver.

Algumas cenas marcam bastante. Uma delas Braddock deixa de comer para alimentar sua pequena filha, indo no dia seguinte lutar com a barriga vazia. O filme também reforça alguns valores importantes para os americanos como: não roubar (mesmo diante da fome) e somente aceitar a ajuda do Estado em último caso. Inclusive, depois de dá a volta por cima, Braddock devolve todo o dinheiro que recebeu do governo (Bolsa Família?).

Mas filme de boxe é filme de boxe. Muita porrada, sangue, costelas quebradas, dentes voando pelo ringue, empresários gananciosos, mais sangue, treinadores esperançosos, esposas sofredoras, torcida apaixonada e lutadores estilo "bonecão de posto" (risos).

      

E a volta por cima dos lutadores é sempre legal. Aqui, depois de aposentado, Braddock ganha uma nova chance. Ele foi convidado para ser "o saco de pancadas" numa luta contra o segundo melhor pugilista do ranking mundial. Para surpresa de todos no filme, Braddock vence. Foi aí que ganhou o apelido de "Cinderella Man" e se torna um herói nacional. Sua última luta é contra Max Baer (Craig Bierko), campeão mundial dos pesos pesados, que já havia matado dois lutadores no ringue. O final surpreende.

Duas coisas ficaram marcadas em minha cabeça. Uma é o amor que Braddock tinha pela esposa e pelos filhos. A segunda é uma frase. Quando Braddock estava cedendo uma entrevista coletiva pouco antes da luta final, um repórter perguntou: por que você ainda luta? A resposta ressoou por todos os cantos daquela sala. "Leite", disse o pugilista. Você teria coragem de encarar alguém cuja motivação é "vencer para não morrer de fome"? Eu não. Nota 4/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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