terça-feira, 22 de julho de 2008 às 06:00

Darwinismo Tecnológico: Caso Nintendo

Uma lei básica na natureza é que características novas levam ao indivíduos a duas possibilidades, ou essa nova característica é favorável ou desfavorável, se for desvavorável não há prêmio e a pobre criatura morre, caso contrário ela se destaca e passa essa característica para novas gerações.

No mundo dos negócios não existem genes para ser transmitido, porém a diferenciação é algo importante, um produto ou um serviço diferenciado pode fazer uma marca se destacar sobre as demais.

Esse sem dúvida deve ser o pensamento da Nintendo e esse post com todo esse teor biológico é para informar que o Nintendo Wii agora é o console mais vendido também nos Estados Unidos, o tornando o console da nova geração com a maior base instalada atualmente.

O caso da Nintendo é com certeza uma grande surpresa, pois partiu de uma aposta bastante arriscada, onde ela tomou a decisão de ir a um rumo contrário a de seus concorrentes, provavelmente por não dispor de recursos financeiros para investir em algo nos mesmo patamar dos outros consoles do mercado e também ao medo de outro fracasso, tendo em vista que o game cube não foi um console de boa aceitação.

SNES      SNES

Quem acompanha a história da empresa não se surpreende com as evoluções que ela provoca, pois com seu console de 16-bits o SNES ela introduziu um conceito que virou padrão aos seus sucessores, que foram os botões alocado nas ombreiras do joystick com nome L e R, ou seja, Left (Esquerda) e Right(Direita).

Depois com a tentativa de evoluir o SNES ela firmou um acordo com a Sony para criar uma unidade extra ao console, onde a Nintendo iria praticar um negócio bastante conhecido no Nordeste Brasileiro que é a meia, quando o dono da terra a oferece a um pequeno agricultor, e esse trabalhando numa propriedade que não é sua entrega metade do que conseguir produzir ao dono, pois a Nintendo estava disposta a ganha em cima das vendas do acessório extra e a Sony ganharia com as vendas de jogos, porém na última hora o acordo foi desfeito, a Nintendo puxou o tapete da Sony dizendo que iria trabalhar com a Phillips e a Sony que tinha todo o projeto pronto apenas mudou um pouco a parte comercial e assim nascia o PlayStation.

Esse foi um grande erro da Nintendo que antes era uma empresa bastante aberta as inovações tecnológicas passou a ser bastante retrógada ao continuar no padrão video game com cartuchos, enquanto a Sony já usava no PlayStation o CD, uma mídia que era a cara do futuro enquanto o cartucho era o símbolo do passado.

Virtual Boy      Virtual Boy

Depois dessa geração era a hora de tentar algo para a próxima e levar o novo ao consumidor e aí foi onde ela trocou os pés pelas mãos, pois como dito acima uma característica desfavorável mata um animal e um produto, pois foi isso que ocorreu, a Nintendo investiu num console baseado em realidade virtual, um conceito até perigoso nesses dias.

Ela criou o Virtual Boy, um aparelho que poucas pessoas chegaram a ter e que eu tenho até pena de quem os tem, pois o console era dentro de um óculos de realidade virtual e os jogos eram em cartuchos, a tela tinha uma péssima resolução e apenas capacidade de mostrar duas cores, o preto e o vermelho, se a pessoa fôsse flamenguista iria adorar as imagens, porém os computadores da época já apresentavam cores de vídeo superiores a 256 cores.

O Virtual Boy foi um fracasso tecnológico, com apenas 6 jogos lançados. A sorte da empresa que nesse período de transição muitos consoles foram fracasso de vendas também, mesmo plataformas mais convencionais.

Nintendo 64      Nintendo 64

A sorte da Nintendo era que diferente das demais ela era uma empresa de hardware para video game que trabalhava em duas frentes, a de video games portáteis e de mesa e a primeira estava muito bem devido a não concorrência enquanto a segunda mesmo com um bom produto que era o Nintendo 64 que ficou muito focado no nicho infantil, não impressionava em vendas como o concorrente.

Quando a Sony anunciou o PlayStation 2, já rodando jogos em DVD e também filmes, a Nintendo tomou outra dose de alguma droga bem louca e tentou outra guinada forte no mercado, com o lançamento do Game Cube, um video game que todo arquiteto gostaria de ter decorando sua exposição de quarto de criança na Casa Cor, pois era um aparelho em forma de cubo, que tinha algumas cores que o comprador podia escolher e rodava uma mídia de MiniDVD. Porém o mercado já tinha eleito seu console e as produtoras de jogos simplesmente abandonaram a proposta da Nintendo.

Game Cube      Game Cube

Depois de figurar no mercado como coadjuvante e com o aparecimento da Microsoft no seguimento hardware para jogos, a Nintendo sabia que seria dificil competir nesse novo mundo tecnológico de grande capacidade gráfica e resolveu lançar um novo console como um melhoramento do Game Cube e não mais focado nos jogadores habituais, que gastam horas jogando video game e por isso recebem a alcunha de hardcore e sim no mercado de jogadores casuais, que não requerem muito do hardware e preferem jogos rápidos.

Mesmo sendo um nicho maior que o de jogadores hardcore, a Nintendo fez planos modestos para o console, não que ela achasse que o produto era inferior, apenas era algo novo, com características próprias e que mudava completamente os paradigmas desse mercado.

O fato é que no futuro o Nintendo Wii deverá ser bem analisado como um caso de estudo de sucesso, pois não só ele foi bem vendido como até hoje a Nintendo sofre para manter o mercado abastecido, tamanha é a requisição pelo aparelho. Simplesmente a empresa conseguiu criar uma nova característica a um produto que muitos achavam não ter para onde evoluir e de quebra conseguiu a imersão que ela queria no passado ao lançar o Virtual Boy.

Wii      Wii

Hoje ela colhe os frutos de está sempre na mídia, inovando a cada dia e ter agora suas duas frentes de negócios no mesmo patamar de aceitação, pois tanto o Wii como o portátil da Nintendo estão vendendo bem, o que mostra que essa empresa japonesa sabe bem o que uma evolução pode acarretar a um produto, tanto negativamente como positivamente.

Essa estratégia da Nintendo não é nova, ela foi usada pela Honda para entrar no mercado Americanos de motos, pois o que antes era dominado por motos grandes, estilo chopper e que tinham como conceito uma marca bad boy, a empresa japonesa mudou esse paradigma lançando as scooters e dando a ela uma imagem de moto da família e moto de trabalho, foi assim que esse tipo de moto se popularizou nos Estados Unidos e a Honda conseguiu entrar naquele mercado, tudo graças a confecção de uma nova imagem a um produto já bastante conhecido das massas.
Comentários
1 Comentários

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Daniel Castelo-Branco disse...

É notória a capacidade da Nintendo em fugir do "lugar comum". Algumas vezes ela perdeu, outras ganhou, mas ninguém pode reclamar da falta de inovação. Vida longa ao Sr. Mário.

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