Gomorra (Gomorra, 2008) é um filme italiano vindo do livro de nome homônimo escrito pelo jornalista Roberto Saviano. O sujeito se infiltrou na Camorra, a máfia napolitana, conheceu as entranhas da organização criminal e a expôs num best-seller. Isso que posso chamar de "matar a cobra e mostrar o pau". Porém, essa irreverência custou sua liberdade, já que o autor está jurado de morte pela máfia. Para nós brasileiros é comum ver nos jornais notícias sobre o tráfico de drogas e as guerras entre grupos rivais nas favelas do Rio. Ver a mesma realidade espelhada na Itália só demonstra que o mundo está mesmo globalizando as benesses e os problemas.
Em Gomorra somos apresentados à uma coletânea de personagens, o que faz a trama ficar bastante povoada e cheia de histórias paralelas. Temos os traficantes que controlam a comercialização e industrialização das drogas, temos um "contador" que todo mês entrega uma "bolsa fidelidade" às pessoas fiéis à Camorra, temos jovens querendo subir na vida do crime sem submissão aos chefões locais e temos as crianças que querem entrar na máfia por verem ali a única forma de viverem numa condição financeira melhor.
O filme não é somente centrado na Camorra e no gueto que ela mantém sobre seu domínio, é sim sobre Nápoles e seu porto muito movimentado, onde negócios duvidosos são entregue em containeres e sobre o uso de mão de obra estrangeira fazendo trabalhos ilegais.
E essa corrida pelo dinheiro e pela ascensão social age como um personagem coadjuvante, pois tudo no filme gira em torno desse eixo. Posso até afirmar que esse foi a primeira trama de um filme que os personagens mais importantes para o desenvolvimento dela são impessoais e imateriais. Junto dessa busca pelo lucro, temos a luta por respeito que seria o mesmo que honra, por reconhecimento e pela paz. Tudo contido num microcosmo turbulento de concreto, grades, escadas e corredores apertados.
Depois de assistir a Gamorra e sua infinidade de histórias paralelas, procurarei lê o livro para entender todo esse universo que não coube por completo nas duas horas de duração da projeção. Serve como propaganda e amostragem do que será encontrado nessa obra-denúncia de Roberto Saviano.
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terça-feira, 10 de março de 2009 às 15:00
Gomorra: uma corrida social no meio da mafiosa guerra napolitana
Gomorra: uma corrida social no meio da mafiosa guerra napolitana
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Comentários
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Falou bonito, Luis! heheheh Disse tudo e em poucas palavras.
Li o livro e posso dizer que ele mudou minha visão de mundo de várias maneiras:
Desglamurizou a máfia (nada de o poderoso chefão - não passam de criminosos, cruéis e covardes);
Mostrou que os problemas estão globalizados (algo bem distante daquela imagem da Europa que nos vem à mente);
E, me alertou de maneira chocante para os problemas ambientais, como a questão do lixo tóxico, que se não tiver um tratamento adequado pode afetar a vida das pessoas, dos animais, do planeta.
Se herói é aquele que faz o que tem que ser feito, apesar das consequências, Roberto Saviano é um herói.
(Juliana Coutinho) - sexta-feira, março 13, 2009