A história do filme é centrada em Karl Urban (o Éomer de "O Senhor dos Anéis"). Seu personagem é um branquelo filho de vikings, acidentalmente esquecido por seu pai durante uma batalha contra os índios americanos. A tribo aceita a presença do pequeno fantasma e o garoto passa a fazer parte da comunidade indígena como se fosse um dos curumins.
Tudo vai bem até os membros de sua raça voltarem para dizimar os índios remanescentes. O cara então evoca os espíritos dos poderosos ursos americanos para, sozinho, matar toda a tropa chifruda viking. Por falar nisso, o Wikipédia explica que existe um mito em torno desse estereótipo. Dizem que os vikings usavam esses elmos com chifres para que "o céu não caísse em suas cabeças".
A realidade é que essa imagem chifruda dos vikings não passa de uma invenção artística das óperas do século XIX, que visavam resgatar a imagem dos guerreiros como bárbaros cruéis. Os capacetes que os vikings verdadeiramente utilizavam eram cônicos e sem chifres. Não existe qualquer tipo de evidência científica, paleográfica, histórica, arqueológica ou epigráfica de que os escandinavos da "Era Viking" tenham utilizado capacetes reginaldorossianos.
Mesmo sabendo disso, os produtores decidiram por caracterizá-los desta forma por ser esta a imagem conhecida no mundo inteiro. Esta decisão visou uma melhor identificação dos personagens pelo público em geral. Na minha opinião ficou parecendo um filme de ficção científica. Deve ser complicado lutar com aqueles trambolhos pendurados.
Com chifre ou sem chifre, gostei mesmo foram das lindas locações escolhidas. É cada tomada que me fez lembrar "O Senhor dos Anéis". E mesmo com esse cenário tão grandioso, o filme é ruim. Muito exagerado. Sangue em demasia, cabeças rolando no quilo, vísceras em queima de estoque, barbárie contra crianças, idosos humilhados e mulheres espancadas. Mais: esse papo de um nobre criado entre selvagens é manjado.
E por falar em selvagens, morri de ri quando um viking - com toda sua indumentária: dentes pretos, barba suja e uma espada ensangüentada - chamou os índios de selvagens. E eles, são o quê? Bestas do apocalipse? É impossível não lembrar o que rolou pelo Brasil com a chegada dos portugueses. Fico imaginando o massacre nas terras piauienses pela tropa do major Fidié (gua). Fico pensando na chacina empreitada pelos coronéis do gado que dizimaram a população nativa. Lamento ao recordar praças e ruas que hoje homenageiam esses escrotos.
Com direção de Marcus Nispel e roteiro de Laeta Kalogridis, baseado em história de Nils Gaup, Desbravadores deixa para a perseguição final a melhor parte. Tudo bem que o filme não é programa para ser visto junto com a família, mas é uma história que vale a pena dá uma olhadinha rápida. E só.
Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.
Outros posts sobre o assunto: