quinta-feira, 25 de dezembro de 2008 às 14:47

Não Estou Lá: a andrógena cinebiografia (fictícia) de Bob Dylan

Não Estou LáEstava em São Paulo quando Bob Dylan pintou pela capital paulista. Os ingressos já estavam chegando à casa dos três zeros quando desisti do show. Então nosso amigo senador Eduardo Suplicy deu a idéia de uma apresentação gratuita, no grande espaço do Museu da Independência. Seria algo inesquecível, grandioso, um evento para a eternidade! Pena que a produção do músico não tenha achado espaço na agenda. Furou.

Bob Dylan é uma dessas figuras lendárias. Talvez seja o maior artista americano de todos os tempos, superior até ao Elvis Presley. O único problema de Dylan é ainda não ter morrido. Uma tragédia faria Dylan maior que Elvis. Do mesmo jeito que Paul McCartney é bem mais artista que John Lennon, mas Paul ainda está vivo e John... bem, John virou um deus. Também acho Carlos Santana mais guitarrista que Jimi Hendrix, assim como Engenheiros do Hawaii mais banda que Legião Urbana e por aí vai.

Não Estou LáNão Estou Lá

Não Estou Lá (I'm Not There, 2007) é uma espécie de andrógena cinebiografia (fictícia) de Bob Dylan. Cinco atores e uma atriz se revezam na pele do músico, interpretando diferentes fases de sua conturbada carreira: Christian Bale, Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Ben Whishaw e Cate Blanchett. A ousadia de colocar uma mulher fazendo Dylan rendeu bons frutos, ela venceu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Veneza, o Globo de Ouro e recebeu indicações ao Oscar, BAFTA, Independent Spirit Awards.

Bob Dylan sempre viveu em constante mutação ao longo da vida, especialmente durante os revolucionários anos 60. As alterações do seu "personagem público" estavam intimamente ligadas aos acontecimentos sociais de sua época, ocasionando múltiplas repercussões culturais. De jovem menestrel a profeta folk, de poeta moderno a roqueiro, de ícone da contracultura a cristão renascido, de caubói solitário a pop-star, Bob Dylan transformou-se em porta-voz de toda uma geração.

Não Estou LáNão Estou Lá

Não Estou Lá acabou se tornando um caldeirão temperado com mitos e fatos reais. A imagem que fiquei foi de um artista perdido, que vive fugindo. Apesar dos bons atrativos, Não Estou Lá é uma história difícil de encaixar, principalmente para quem não acompanha os fatos marcantes da carreira do artista. O lado engraçado é a maneira como as pessoas retratadas no filme esperam de Dylan tenha opiniões sobre tudo. Ele simplesmente ignora, sua única missão é escrever músicas e seguir a vida.

Embora tenha achado o filme chato, destaco alguns momentos marcantes, como Bob Dylan na pele negra no menino Marcus Carl Franklin. Nele, Dylan é um guitarrista prodígio de 11 anos, seguidor dos passos debochados do matador de fascistas Woody Guthrie. Também gostei do personagem extraído do ventre da atriz Cate Blanchett. Apesar de perder o charme do "poeta andante", Dylan surge muito mais cerebral e misterioso. Em conjunto, Não Estou Lá é uma homenagem à altura de Bob Dylan, um músico que cantou sobre sua época e viveu à frente de seu tempo. Nota 2/5

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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