domingo, 25 de janeiro de 2009 às 14:30

Gran Torino: um velho e xenofóbico Tio Sam revelando emoções e feridas incuráveis

Gran TorinoGran Torino (Gran Torino, 2008) passaria despercebido por muita gente se não fosse pela marca "Clint Eastwood" estampada em letras douradas. Com US$ 29 milhões arrecadados em seu fim de semana de estreia, o longa tornou-se a melhor abertura da carreira do cowboy. Ainda assim, Gran Torino pode ter sido o último trabalho de sua carreira de ator. O culpado? Ele aponta os 78 anos que carrega nas costas. Eu acredito que a não indicação ao Oscar teve um peso importante. Como pode ele não ter aparecido na lista de Melhor Ator?!

Além de estrelar, Gran Torino é seu 32º filme dirigido, como sempre, cheio de emoção e feridas incuráveis. O resultado é excelente: um filme bem atual, realista e com uma boa lição da como deveríamos agir com os jovens delinquentes. Pessoalmente acredito que ficou abaixo de "Sobre Meninos e Lobos" e "Menina de Ouro", mesmo assim é uma história que ressoa. Um filme para assistir e pensar.

Gran TorinoGran Torino

Tudo começa no velório da esposa do solitário e rabugento Walt Kowalski (Clint Eastwood), um inflexível veterano da Guerra da Coréia. O cara é racista e desenvolve um xenofobismo contras os imigrantes asiáticos hmong, vindos do Laos, que invadiram o bairro onde vive. Ele é um dos únicos americanos que ainda mora por aqueles lados. As reflexões do velho a respeito da invasão estrangeira nos EUA é o ponto forte do filme. Provavelmente Gran Torino seja lembrado no futuro por ter tido a coragem de expor esse lado sombrio do Tio Sam.

Como bom militar, Walt é altamente metódico, passa o tempo fazendo pequenos consertos em casa, bebendo cerveja na varanda e visitando mensalmente seu amigo barbeiro (John Carroll Lynch). Não gosta de quebrar sua rotina. Sua raiva contra os asiáticos aumenta quando seu vizinho adolescente Thao (Bee Vang), invade sua casa para roubar seu belíssimo Ford Gran Torino. No meio da confusão o velho racista acaba salvando Thao e sua irmã Sue Lor (Ahney Her) de uma gangue. Fato que o transforma em herói do bairro. É bem engraçado a cena dos asiáticos levando presentes para Walt e ele recusando-se a receber.

Gran TorinoGran Torino

Com o tempo ele inicia um relacionamento com a família vizinha, desenvolvendo uma amizade com o "pequeno ladrão". Mesmo sem assumir, ele cuida do menino como filho. A rapidez como surge essa amizade talvez seja fruto da ausência dos dois filhos, ambos egoístas. Um abandonou totalmente o pai. O outro, apesar de demonstrar certa preocupação, trata-o como um inútil, insistindo em levá-lo a um asilo. Será esse o destino de nosso pais?

Gran Torino é uma triste história sobre a forma como encaramos a morte, exteriorizadas através dos diálogos entre Walt e o padre (Christopher Carley). Apesar disso, Gran Torino também tem suas doses de humor. O segundo terço do filme é bem engraçado. Clint Eastwood parece muito com Seu Nunga, o bruto divertido. Muito legal também o confronto entre as tradições americanas e as estrangeiras. Além, claro, do final arrasador! Feito sob medida para deixar qualquer um indignado com as injustiças e as formas como as pessoas se agridem gratuitamente. Nota 3/5

Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.

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