Tirando a novela "Que Rei Sou Eu?", as histórias retratadas nesse período geralmente são cansativas, não me atraem. Mas aos poucos estou amadurecendo e aprendendo a perceber algumas boas contribuições que filmes assim podem oferecer. A principal delas é o modo interessante como as mulheres eram tratadas. O casamento é um contrato perfeito, sem espaços para sentimentalismos, empresa mesmo. A mulher faz o papel de uma máquina de fazer filhos homens. As "filhas" representam os "produtos com defeito", inclusive com direito a protestar junto a Central de Atendimento ao Consumidor (no caso, a mãe).
Mesmo nesse cenário grotesco, Georgiana se mantém firme, demonstrando inteligência e habilidade política no convívio com a corte inglesa. Entretanto, ela não conseguia dar um filho homem ao Duque. Suas tentativas resultaram em abortos e duas filhas. Sensacional observar em terceira pessoa a decepção do homem com suas mulheres. Aos poucos Georgiana vai se deixando consumir pela tristeza. Quando conhece a "solteirona" Lady Spencer (Charlotte Rampling), sua vida começa a mudar. Georgiana leva a amiga pra dentro de casa. Resultado: o Duque se apossa dela e monta um casamento a três.
Mesmo racionando texto, o ator Ralph Fiennes foi muito feliz na interpretação do personagem. Sua excelente postura em cena foi premiada com uma indicação ao Globo de Ouro como Melhor Ator Coadjuvante. Keira Knightley também não fica devendo como a mulher parideira. Acho que só faltou um pouco mais de lágrimas. Mesmos nos momentos em que ela era desafiada, a moça permanecia com as mesmas feições plastificadas. Mesmo assim A Duquesa tem como grande mérito nos questionar se dinheiro, pompa e circunstância consegue comprar o mundo perfeito.
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