Essa tem sido uma semana muito triste. Ontem soube que a mãe de uma amiga faleceu. Hoje foi a irmã de um colega de trabalho. Ambos bem próximos de mim, vivemos uma rotina de trabalho e acima de tudo compartilhamos alegrias e tristezas. Nessas horas difíceis costumo me indagar sobre nossa missão no mundo, principalmente porque nesse caso a morte levou duas pessoas jovens, que não tiveram tempo suficiente para aproveitar a vida.
Não perder tempo, fazer a vida valer a pena, contrariar a norma, assumir o risco. Todo mundo sabe dessas coisas, mas pouquíssimas pessoas têm coragem de colocar isso em prática. Uma delas é Walter Vale (Richard Jenkins), protagonista do filme Aprendendo a Viver (The Visitor, 2008) e concorrente ao Oscar na categoria Melhor Ator. Ele é um daqueles sujeitos que em toda esquina a gente encontra: homem, assalariado, meia-idade, abandonou os sonhos para viver no conforto consumista que a sociedade exige.
O resultado disso é que Walter acabou se tornando amargo, reservando suas emoções para os momentos em que está sozinho, longe do olhar inquisicional. Obrigado pela faculdade em que trabalha a viajar para Nova York para participar de uma conferência, Walter encontra alojado em seu apartamento o músico sírio Tarek (Haaz Sleiman) e a artesã Zainab (Danai Gurira), imigrantes ilegais. Surpreso e ao mesmo tempo sensível à situação, ele acaba desenvolvendo uma amizade com o casal e entrando num processo de autoconhecimento.
O roteiro é muito bom. Algumas cenas são emblemáticas, como a professora de piano decretando que ele era velho demais para aprender música. Existe mesmo isso? Duvido! Walter mostrou em Aprendendo a Viver ser absolutamente apaixonado pela música. Idependente de idade, o som aflora no bater ritmado da caneta, num um pé acompanhando o batuque do atabaque ou no assobio que imitando a gaita.
Aprendendo a Viver mostra que a vida muitas vezes é tão curta que nem dá tempo aproveitar. O filme acabou se tornando uma trágica poesia musical sobre sonhos e realidade. Esses dois lados estão equitativamente representados no filme. Por um lado somos tentados a embarcar nessa aventura intelectual do velho Walter, por outro conhecemos a dura realidade dos estrangeiros que vivem nos Estados Unidos pós "11 de Setembro". Um sinal de que mesmo naqueles momentos em que se perde o sentido da vida, a felicidade, ainda que fugaz, é possível.
Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.
terça-feira, 18 de agosto de 2009 às 23:39
Aprendendo a Viver: uma poesia musical sobre sonhos e realidade
Aprendendo a Viver: uma poesia musical sobre sonhos e realidade
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