domingo, 7 de fevereiro de 2010 às 14:32

Guerra ao Terror: a contagem regressiva de um ciclo interminável

Nota 5/5
Guerra ao Terror
O homem vive em guerra. Ao longo da vida enfrenta doenças, caos urbano, tragédias familiares, violência. Constantemente está exposto a riscos que não controla. É um vizinho psicopata, um chefe carrasco, um irmão egoísta, um juiz corrupto. A ameaça é real. O instinto faz o homem lutar por sobrevivência, mas no fundo, ele pensa: para quê viver? E essa é a pior das guerras. O homem busca um sentido para vida, não encontra...

A cineasta Kathryn Bigelow resolveu mostrar como isso funciona na prática. Em seu filme Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008) ela acompanha o dia-a-dia de um esquadrão anti-bombas do exército americano no Iraque. Pode apostar que não existe profissão mais perigosa. Um descuido e buuumm! Tripas para o ar. Nessas horas é bom ficar longe. Um artefato pequeno é capaz de devastar quarteirões. Bom para os yankees que tem grana pra tecnologia.

Guerra ao Terror Guerra ao Terror

Robôs, tanques, roupas especiais. Tudo isso ajuda, mas nada substitui o homem. A prova é o sargento William James (Jeremy Renner). O cara é o campeão mundial em desarmamento de bombas. Sabe aquele lance de escolher entre o fiozinho vermelho e o verde? Pois é, o sujeito acerta todas. Sorte dele e dos colegas JT Sanborn (Anthony Mackie) e Brian Geraghty (Owen Eldridge), que vivem em contagem regressiva para o fim do pesadelo.

E justamente como um relógio, Guerra ao Terror é um ciclo interminável. O estilo é documental, as imagens chegam à altura dos olhos. Lado a lado com os soldados somos capazes de sentir o gostinho da poeira, o calor dos uniformes, a agonia do desconhecido. A realidade ao extremo, empregada pela cineasta, fez tanto sucesso que o filme recebeu nove indicações ao Oscar 2010. Pra mim é o único capaz de bater "Avatar" (leia a resenha) na briga dos maiores prêmios.

Guerra ao Terror Guerra ao Terror

Independente do resultado, Guerra ao Terror já deixou seu legado ao nos obrigar a repensar o sentido da vida, afinal, não é fácil entender a cabeça de um soldado. Só espero que o filme não vença o prêmio. Pra mim seria transformar em pipoca uma realidade que deveria nos envergonhar. A guerra é nosso fardo, devemos carregá-lo, mas nunca cair na tentação de chamá-la de arte.

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

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