sábado, 28 de janeiro de 2012 às 12:39

O Artista: uma homenagem à grandiosidade simplista dos filmes mudos da década de 1920

Nota 4/5
O Artista
Muita gente atribui ao Globo de Ouro o status de prévia do Oscar. Mas a verdade é que ao longo da década os vencedores da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood não se repetiram na cerimônia do Teatro Kodak. Quem realmente está alinhado ao prêmio da Academia é o Sindicato dos Produtores. Os últimos quatro anos foram coincidentes. Em 2008 o filme "Onde os Fracos Não Têm Vez" venceu os dois prêmios. Em 2009 foi a vez de "Quem Quer Ser um Milionário". "Guerra ao Terror" repetiu a façanha em 2010 e "O Discurso do Rei" em 2011. Todos considerados surpresas no Oscar. Isto é: espanto para quem não acreditou no primo pobre.

Nesse ano os produtores deram o grande mérito para O Artista. Repetindo no Oscar, seria outra aposta inesperada. O Artista é um filme mudo francês que se ambienta na Hollywood da década de 1920. O personagem chave da história é George Valentin (Jean Dujardin). Astro das produções teatrais, ele encontra a decadência a partir da chegada do cinema falado. Paralelamente acompanhamos a ascensão meteórica da jovem Peppy Miller (Bérénice Bejo), que toma o lugar do galã como grande estrela das bilheterias. A comédia-drama é toda em preto e branco, gravada como antigamente. Até o formato do créditos é emulado para garantir a veracidade histórica.

O Artista O Artista

Antes de continuar quero confessar que assisti O Artista com um tremendo preconceito. Pela características visuais e enredo, achei que fosse dormir o filme inteiro. Não acho correto um filme desses concorrer com os grandes blockbusters. Em 2010, por exemplo, "Guerra ao Terror" roubou o prêmio de "Avatar". Uma aberração! Gosto dos dois filmes, mas Oscar é pra gente grande. É para épicos e superproduções. O lugar de filmes autorais é em Cannes. Por outro lado, não posso negar a grandiosidade simplista de O Artista. A história é vibrante e nos prende em cada detalhe do cenário, dos movimentos dos atores e da interpretação em cena.

O Artista não tem cores, não tem diálogos falados, não tem 3D, nem efeitos sonoros, visuais, nada. É como se todas suas informações sensoriais estivessem focadas na história pura e simplesmente. O resultado é uma mentalização absurda do universo do filme. O problema é que esse tipo de estratégia obriga O Artista a ser minimalista em todos seus elementos. Então, funciona como uma grande homenagem ao cinema e estilo de vida daquela época. Sem dúvida um presente aos apaixonados pelos bastidores de Hollywood. Mas não acho que tenha cacife para deixar o tapete vermelho com a principal estatueta embaixo do braço.

Ficha técnica:
Título no Brasil: O Artista
Título Original: The Artist
Ano de Lançamento: 2011
País origem: França
Direção: Michel Hazanavicius
Roteiro: Michel Hazanavicius (argumento e diálogos)
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, Penelope Ann Miller
Confira o trailer:


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