Nossa, esse blog está entregue às moscas! Vou dá um jeito nisso resenhando um filme bastante polêmico: O Nevoeiro (The Mist, 2007), história de terror baseado num conto de Stephen King. Não conheço os livros desse rapaz, tenho até curiosidade, mas nunca tive a chance. O que chegou pra mim ao longo dos últimos anos foram alguns filmes baseados em suas obras. O primeiro deles é "O Iluminado" (leia a resenha), um dos piores da história do cinema. Depois veio "O Apanhador de Sonhos", cujo monstro escolhia o buraco menos nobre do corpo humano para se alojar. Até que recentemente lançaram "1408" (leia a resenha), suspensinho inelegível (mas legal) e agora esse O Nevoeiro.
Em momento algum O Nevoeiro renega as origens. É um filme tosco, cheio de criaturas impensáveis e dramas constrangedores. Tudo começa com uma tremenda tempestade na cidadezinha de Maine. Alguns moradores temendo a falta de mantimentos, correm ao supermercado local. Entre eles estão David Drayton (Thomas Jane) e seu filho Billy (Nathan Gamble), de apenas 8 anos (tinha que ter uma criança, né?). Porém um estranho nevoeiro toma conta dos arredores da cidade, deixando todo mundo "ilhado".
Cansados de esperar que o nevoeiro acabe, alguns corajosos se aventuram saindo do supermercado. Gritos ao longe revelam que essa não foi uma boa idéia. Surge então uma disputa política dentro do supermercado. De um lado os céticos de outro os religiosos. A cada nova tentativa fracassada de fugir do local os religiosos ganham força. Chegam ao extremo de criar uma "mini-inquisição", julgando e condenando alguns à morte. É a parte mais divertida do filme. Adoraria passar essa história numa sala de aula. Poderíamos discutir essas cenas noite adentro. Recomendo aos professores!
Depois é o puro terror-comédia. Monstros invadem o local e fazem a festa. Porém, o diretor, roteirista e produtor, Frank Darabont, deixou para o final a grande polêmica do filme. Com um revólver em punho e quatro balas no gatilho, David conseguiu escapar com seu filho, uma paquera e um casal de idosos. Eles conseguem um carro e tentam fugir para bem longe do nevoeiro. Rodam, rodam, rodam, rodam até a gasolina acabar. Nada da porra do nevoeiro dá uma trégua. O que você faria do lugar de David? Imaginando a dolorosa morte nos tentáculos do monstro, David deu um tiro na cabeça do filho, da paquera e dos idosos. Mas faltou bala pro suicídio. Macabro não acha?
A que ponto chega um ser humano num momento de desespero completo? Oferecer uma morte digna faz parte da boa conduta humana? Mesmo sem esperanças, vale a pena lutar pela vida? A quem pertence o poder da morte? Não tenho dúvidas que David fez todas essas reflexões antes de tomar a drástica decisão. O problema, para David e para o filme, é que logo em seguida ele encontra o exército americano destruindo o mostro e trazendo a paz de volta à pequena cidade. Já pensou? Muita gente não gostou justamente desse final, mas eu achei o máximo! A cena potencializou a discussão sobre a decisão de David, fazendo-nos inverter a lógica e redescobrir o poder mágico do último suspiro. É como se O Nevoeiro nos dissesse: não tentem controlar a lógica da vida.
Confira o trailer legendado clicando no botão play da imagem abaixo.
quarta-feira, 20 de maio de 2009 às 21:17
O Nevoeiro: polêmicas e monstros para redescobrir o poder mágico do último suspiro
O Nevoeiro: polêmicas e monstros para redescobrir o poder mágico do último suspiro
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