Essa é Alice. Corajosa, decidida. Alice é uma menina, topa desafios sem medir as consequências de seus atos. Alice é nosso sonho, nosso avatar. Alice é aquela criaturinha que passa voando de bicicleta sem se importar com o que a espera no outro lado da esquina. Que sobe numa árvore sem calcular o peso sobre a galha. Que se arrisca, se propõe, se entrega. Alice é isso. Alice é mais do que isso.
Eu não conseguia imaginar. Mas aí veio o cineasta Tim Burton – com sua chapeleiresca cabeça hollywoodiana – propondo misturar os dois livros de Alice, um cenário 3-D e personagens já crescidos. E dessa loucura saiu Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010). Ao contrário do que os críticos me levaram a crê, achei o filme espantosamente genial. Fiquei bestificado com as imagens, a concepção dos personagens, dos cenários, as ideias para emendar a história, tudo.
O começo do filme até parece chato. Alice (Mia Wasikowska) surge seca, pálida, triste e desambientada. Aos 19 anos, a quase mulher é pedida em casamento. Festa arranjada em que o "sim" é mera formalidade. Mas estamos falando de Alice. No meio da cerimônia ela foge, seduzida pela velocidade de um coelho branco. Caindo num buraco a fábula começa. Lá estão todos os personagens divertidos que conhecemos, incluindo um Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) pouco inspirado.
Sem criar grande expectativa, Alice no País das Maravilhas de Tim Burton é um excelente filme. Divertido, bem-humorado, contagiante. Baseada na mais singular das histórias infantis, essa é uma bela homenagem que merece ser vista, apreciada e reverenciada. Tudo de ruim poderia ter acontecido, mas afinal de contas, Alice cresceu, viveu sua última aventura e deu adeus ao País das Maravilhas sem sofrimento. Só nos resta agora saber até quando o Coelho Branco vai aceitar a aposentadoria.
Veja o trailer legendado:
Leia mais sobre o assunto: