Quem não deve ter acreditado nisso é o pessoal da cidadezinha de Talbot Hall, interior da Inglaterra. A morte de aldeões durante a lua cheia provocou terror na população, obrigando a Scotland Yard intervir no caso. É assim que começa O Lobisomem (The Wolfman, 2010), filme do diretor Joe Johnston. O longa explora a licantropia sob dois aspectos. Na visão da psiquiatria, o mal que se abate na cidade é apenas um distúrbio em que o indivíduo pensa ser ou ter sido transformado em qualquer animal. Havendo tratamento.
Já os caipiras preferem a versão mais folclórica. Pra eles tudo faz parte de uma maldição cigana. O homem, conhecido por Lawrence Talbot (Benicio Del Toro) seria um lobisomem. Dessa forma, o único tratamento disponível é uma bala de prata direto no peito. Agindo nos bastidores, Sir John Talbot (Anthony Hopkins), o pai da besta, e Gwen Conliffe (Emily Blunt), a namoradinha, trabalham para provar que tudo não passa de uma lenda.
Confesso pra vocês: depois de anos vendo Hollywood maltratar o mito do lobisomem, esse filme me deu o maior prazer. O bom é que os caras não tiveram vergonha em assumir o lado clichezão. Tudo dos velhos clássicos do gênero está presente, desde os barulhinhos que nunca são nada até a mansão que no final sempre pega fogo. É um lobisomem macho, sem frescura, sem invenção.
A criatura é mostrada logo nos primeiros segundos. Isso é bom, ajuda a quebrar o gelo e permite contar a história com calma. Logo se percebe que tudo é na base da maquiagem mesmo. Efeitos especiais que chamam atenção só o lobo em movimento e o processo de transformação do homem em besta. Aliás, a melhor cena é a mutação no hospício, bem na frente de uma centena de velhacos.
O filme tem carnificina, mas sem excessos. Nada em O Lobisomem é exagerado. Nem mesmo o romance conseguiu cair na pieguice. Rola um clima meio "a bela e a fera", o que não impede o trabalho de ser concluído conforme o manual. Achei realista e bem interessante. O filme é divertido. Destaque para a participação especial do "agente smith" Hugo Weaving, é sempre bom vê-lo atuar.
Mas justamente pela simplicidade da história e todo seu desenvolvimento, o filme acaba pecando por falta de engenhosidade. Mesmo a revelação sobre o passado do personagem título consegue empolgar. A trama se desenrola sem provocar mistério. A morte da mãe e do irmão também não emocionam. O Lobisomem passa despercebido, sem marcas. Uma pena para um filme com tanto potencial. De todo modo, é muito bom saber que os velhos lobos estão de volta à guerra.
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