domingo, 23 de maio de 2010 às 00:31

O Lobisomem: um clássico de terror como manda o manual

Nota 3/5
O Lobisomem
A revista Mundo Estranho (ed. 98 / abr-10) fez um tete-a-tete entre os dois maiores mitos do terror no cinema. De um lado os vampiros, cuja lenda se tornou imortal em 1897, através da publicação do romance "Drácula", de Bram Stoker. No lado oposto aparecem os lobisomens, que segundo a mitologia grega teriam surgido através de Lycaon, rei da Arcádia. Ele ofereceu carne humana a Zeus, que, enfurecido, o transformou em lobo como punição. Daí a origem do termo grego "lykantropos", que significa "aquele que vira lobo". No embate da revista os vampiros vencem.

Quem não deve ter acreditado nisso é o pessoal da cidadezinha de Talbot Hall, interior da Inglaterra. A morte de aldeões durante a lua cheia provocou terror na população, obrigando a Scotland Yard intervir no caso. É assim que começa O Lobisomem (The Wolfman, 2010), filme do diretor Joe Johnston. O longa explora a licantropia sob dois aspectos. Na visão da psiquiatria, o mal que se abate na cidade é apenas um distúrbio em que o indivíduo pensa ser ou ter sido transformado em qualquer animal. Havendo tratamento.

O Lobisomem O Lobisomem

Já os caipiras preferem a versão mais folclórica. Pra eles tudo faz parte de uma maldição cigana. O homem, conhecido por Lawrence Talbot (Benicio Del Toro) seria um lobisomem. Dessa forma, o único tratamento disponível é uma bala de prata direto no peito. Agindo nos bastidores, Sir John Talbot (Anthony Hopkins), o pai da besta, e Gwen Conliffe (Emily Blunt), a namoradinha, trabalham para provar que tudo não passa de uma lenda.

Confesso pra vocês: depois de anos vendo Hollywood maltratar o mito do lobisomem, esse filme me deu o maior prazer. O bom é que os caras não tiveram vergonha em assumir o lado clichezão. Tudo dos velhos clássicos do gênero está presente, desde os barulhinhos que nunca são nada até a mansão que no final sempre pega fogo. É um lobisomem macho, sem frescura, sem invenção.

A criatura é mostrada logo nos primeiros segundos. Isso é bom, ajuda a quebrar o gelo e permite contar a história com calma. Logo se percebe que tudo é na base da maquiagem mesmo. Efeitos especiais que chamam atenção só o lobo em movimento e o processo de transformação do homem em besta. Aliás, a melhor cena é a mutação no hospício, bem na frente de uma centena de velhacos.

O Lobisomem O Lobisomem

O filme tem carnificina, mas sem excessos. Nada em O Lobisomem é exagerado. Nem mesmo o romance conseguiu cair na pieguice. Rola um clima meio "a bela e a fera", o que não impede o trabalho de ser concluído conforme o manual. Achei realista e bem interessante. O filme é divertido. Destaque para a participação especial do "agente smith" Hugo Weaving, é sempre bom vê-lo atuar.

Mas justamente pela simplicidade da história e todo seu desenvolvimento, o filme acaba pecando por falta de engenhosidade. Mesmo a revelação sobre o passado do personagem título consegue empolgar. A trama se desenrola sem provocar mistério. A morte da mãe e do irmão também não emocionam. O Lobisomem passa despercebido, sem marcas. Uma pena para um filme com tanto potencial. De todo modo, é muito bom saber que os velhos lobos estão de volta à guerra.

Confira o trailer clicando no botão play da imagem abaixo.

Comentários
1 Comentários

1 [+] :

Daniel disse...

Esse diretor é o mesmo que está gravando o filme do CAPITÃO AMÉRICA. O filme do lobisomem serve então como aperitivo pro herói escudeiro.

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