Foi quando desenterrei Halloween - O Início (Halloween, 2007). Acabei encontrando o que tanto procurava: um filme de terror pra ter medo da vida. Halloween tem esse poder. Ele nos instiga a pensar sobre velhos tabus. Todo mundo merece viver? O mal é inato? O que fazer com os incuráveis? A ciência conseguirá identificar tendências assassinas? A sociedade aceitará uma triagem genética?
Duvido. Para mim sempre existirá o conflito entre Jean-Jacques Rousseau ("O homem nasce bom e a sociedade o corrompe") e Thomas Hobbes ("O homem é lobo do homem"). Nessa casa mal-assombrada, a única certeza é a de que crianças tendentes ao crime, criadas num ambiente ruim, o resultado é trágico. É isso que acontece com o pequeno demônio chamado Michael Myers. A mãe prostituta, a irmã piranha, o padrasto cafajeste. O que esperar de um menino criado assim?
Aos 10 anos, numa noite do Dia das Bruxas, fantasiado com sua inseparável máscara de palhaço, o jovem lúcifer assassina um colega da escola e todos em sua casa. Sem demonstrar qualquer medo ou arrependimento, ele vai parar num reformatório para crianças. Depois de 15 anos de isolamento, foge da instituição mental. Alto, forte e quase indestrutível, o serial killer retorna à cidade de Haddonfield para um massacre ainda maior.
Refilmagem de "A Noite do Terror" (1978), Halloween - O Início é um ótimo trabalho, especialmente por conta do jovem ator Daeg Faerch. O menino loiro lembra muito o olhar distante, indiferente e sorrateiro do músico Kurt Cobain. O momento mais emblemático do filme é a alternância das cenas em que ele fica sozinho sentado na calçada, enquanto sua mãe faz stripper para um bando de bêbados. Ao fundo, "Love hurts", da banda escocesa Nazareth. Bestial.
Confira o trailer:
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