Assim que terminei o primeiro livro, parti para o próximo: A Fúria dos Reis. Esse eu li antes de assistir à segunda temporada da série da HBO, que volta à TV no próximo 1º de abril. Achei que isso deixou a leitura mais saborosa, recheada de surpresas. Também ri bastante, é um livro divertido. Só não diria que é um livro juvenil porque a história é ainda mais violenta que a anterior. São muitas cenas de carnificina e banhos de sangue. Pesado mesmo! O livro narra diversos estupros contra senhoras, moças e até crianças.
É realmente um cenário terrível, em especial para as mulheres. Muitas são subjugadas pelos próprios pais e irmãos, sendo obrigadas ao sexo e procriação. Apesar de considerado um tabu universal, o incesto é explorado no livro com muita coragem. O estupro é outro assunto polêmico que o autor não foge. Praticamente todas as raças usam mulheres e crianças como espólios de guerra. É uma tradição respeitada pelas próprias mulheres, assim como esposas de sal e diversos outros direitos sexuais dos suseranos sobre seus vassalos.
Por falar nisso, o mais sexualmente ativo no primeiro livro era o anão Tyrion Lannister. Dessa vez ele deixa a libido um pouco de lado para se concentrar na defesa do Trono de Ferro. Eu fiquei surpreso com a inteligência e perspicácia do meio-homem. Além de um grande estrategista, possui muita lucidez nas decisões e senso de humor para encarar os problemas. De tanto ele saborear vinho durante ao longo da história, acabei seguindo o mesmo caminho. Depois de 300 páginas e 3 garrafas de tinto, os Sete Reinos pareciam bem mais próximos!
Perto mesmo passou um reluzente cometa. A visão do raio de fogo cortando o céu foi assunto em todos os lugares. Cada personagem tinha uma ideia própria do real significado da estranha manifestação celeste. Uns diziam ser presságio de sorte, outros maldição. Mas ninguém ficava indiferente ao rastro vermelho. Achei que o livro explorou satisfatoriamente esse assunto ao agregá-lo à religião. Monoteístas, politeístas, ateus, todos traçaram diferentes visões sobre tragédias, visões do além-vida e esperança de um mundo melhor.
Talvez o maior símbolo disso seja a personagem Daenerys, da Casa Targaryen, considerada por muitos a legítima Rainha dos Sete Reinos de Westeros. O capítulo em que ela entra sozinha na assustadora Casa dos Imortais é o melhor do livro. Completamente diferente do restante da história, aqui somos levandos a um misto de magia e alucinação. Mas que no final trouxe algumas dicas do futuro da trama. No mesmo nível de mistério e coragem está a aventura do bastardo Jon Snow na Floresta Amaldiçoada. Fiquei surpreso com a existência de vida naquelas bandas.
Mas o verdadeiro foco de A Fúria dos Reis é a disputa pelo domínio dos Sete Reinos. Cada um dos reinos tem seu próprio motivo para se considerar o verdadeiro detentor da coroa. Por isso o livro é uma longa caminhada rumo à Forteleza Vermelha. A narração das cenas é boa, exceção para a Batalha Naval entre os Lannister e os Baratheon. Chata e muito confusa! Achei bobagem tentar descrever o indescritível. Bastavam dois parágrafos com algum personagem explicando o que houve, assim como o autor já tinha feito em outros acontecimentos.
E pra mim o grande mérito do livro é a abordagem inovadora de um assunto tão batido: disputa por trono. Um exemplo é o arrepiante nascimento de Robb como autonomeado Rei do Norte a partir da visão de sua mãe Catelyn. Outro é a aula de uma boa rainha dada pela pragmática Cersei à Sansa. Ou ainda na emocionante tomada de Winterfell e o destino dado aos meninos Bran e Rickon. Cruel até o último capítulo. Tudo isso para mostrar que nessa corrida entre homens e deuses, prevalece a lei da espada mais afiada.
Ficha técnica:
Título original: A Song of Ice and Fire: A Clash of Kings
Título no Brasil: As Crônicas de Gelo e Fogo - A Fúria dos Reis - Volume Dois
Editora: Leya
Autor: George R. R. Martin
ISBN: 9788580440270
Ano: 2011
Edição: 1
Número de páginas: 656
Acabamento: Brochura
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